As prioridades de Rui Rio e do país, segundo Carlos Moedas

Carlos Moedas deixou um caderno de encargos sobre o país à nova liderança do PSD. O passista mostrou confiança em Rio, mas pediu respostas para a tecnologia, a desigualdade e o Estado social.

Carlos Moedas, comissário europeu para a inovação.Paula Nunes/ECO 16 de fevereiro, 2018

Carlos Moedas deixou Bruxelas por um fim de semana para marcar presença no 37.º congresso do PSD. O comissário europeu trouxe uma moção a duas mãos com Pedro Duarte, ex-líder da JSD, mas também discursou perante os militantes. Deixou três prioridades: a educação e a tecnologia, o combate às desigualdades e o reforço da sustentabilidade do Estado social. E não se inibiu de criticar a atual solução governativa: “A esquerda conservadora tem medo do futuro”, apontou, contrapondo que “o PSD tem que se diferenciar por acreditar no futuro”.

O comissário europeu diz que “estão enganados” aqueles que acham que Rui Rio — “um homem que deu provas e sabe o que quer, além de não ter medo de dizer o que pensa” — vai perder as eleições legislativas de 2019, tal como estavam enganados sobre o resultado de 2015.

Como mensagem principal para o Rio deixou a necessidade de o PSD falar do futuro e até recorreu a Marcelo Rebelo de Sousa: “Como disse o nosso Presidente da República temos que ter ‘a coragem de reinventar o nosso futuro'”. Que futuro? Moedas elencou três prioridades:

1) Educação e tecnologia

Carlos Moedas pede a Rio que crie “um sistema que prepare os nossos filhos para um futuro que não conhecemos”, dado que vários estudos apontam que “65% dos alunos que entram hoje no ensino primário trabalharão em profissões que ainda não existem”. “Só podemos preparar uma geração para profissões que ainda não existem se tivermos a coragem de mudar o sistema“. defende, assinalando que o PSD tem de estar na linha da frente dessa mudança.

“O PSD terá que ser o partido que propõe essa mudança estrutural dos sistema de ensino, de um sistema que apenas transfere conhecimento para um sistema que ensina aos nossos filhos a fazer aquilo que as máquinas nunca poderão fazer. Aquilo que não poderemos nunca digitalizar: criar, sonhar, navegar entre as diferentes disciplinas, ter pensamento crítico”, afirmou Carlos Moedas perante os militantes do PSD.

2) A tecnologia e as desigualdades

O comissário europeu responsável pela inovação acredita que “a grande questão dos próximos dez anos será como reduzir a desigualdade”. Em causa estão os impactos negativos da tecnologia que pode gerar enorme riqueza e prosperidade, mas também pode “acentuar as desigualdades e tornar a nossa sociedade mais frágil”.

“O PSD tem que ser o primeiro partido a pensar como é que tecnologia nos pode ajudar diminuir a desigualdade”, defende, expondo as dualidades do que o futuro trará: “a inteligência artificial pode gerar desemprego, mas pode também criar novos empregos que hoje nem imaginamos“. Carlos Moedas defende que não se pode “recear as novas tecnologias”, mas sim “fazer escolhas politicas que vão definir os próximos 20 anos”.

3) Estado social

“Hoje a questão já não é como criar um estado social mas sim garantir que o Estado Social seja sustentável”, resumiu Carlos Moedas, assinalando essa marca europeia terá de ser sustentável para continuar. O comissário europeu pretende que o PSD de Rui Rio proponha “a transição de um estado social centralizador e paternalista para um modelo focado no cidadão”.

“A grande divisão politica que vejo na Europa é entre os que sonham e abraçam o futuro e aqueles que têm medo do futuro”, rematou.

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