Rui Gomes da Silva comentou a atual situação do Benfica, em declarações à 'TVI24'. O antigo vice-presidente do clube Encarnado criticou a forma como tem sido gerido toda a situação que levou a detenção e suspensão de funções de Luís Filipe Vieira. O candidato das últimas eleições do Benfica pede responsabilidades aos restantes membros da direção da SAD e do clube, lembrando que "cada decisão tinha de ter duas assinaturas".

Atual direção do Benfica: "Passei os últimos cinco anos a alertar para estas possíveis situações. Era evidente que quem estivesse lá dentro haveria movimentos com os quais não se poderia concordar. As pessoas que lá estavam [no Benfica] não sabiam o que se passava? Era só o Luís Filipe Vieira? Cada uma das decisões tinha de ter duas assinaturas, quer no clube quer na SAD. Queria ver cada pessoa justificar essas assinaturas. Eu sei que ter razão antes do tempo é quase não ter razão mas dá uma vantagem e um conforto moral muito grande saber que ao fim deste tempo todo eu, afinal, tinha toda a razão. Infelizmente para o Benfica".

Culpas divididas: "As pessoas não podem dizer que não sabem ao que vão, pois os gurus da gestão andaram este tempo todo a anunciar que o Benfica estava fantástico. Temos agora um empréstimo obrigacionista para pagar o anterior e para ter fundo de maneio para estes meses, no pressuposto que o Benfica ia ser apurado para a Liga dos Campeões. Não venham dizer daqui a uns tempos que a culpa era do Luís Filipe Vieira, as pessoas estavam lá a elogiar e vangloriar-se que este era o projeto que dava resultados ao Benfica".

Palavras de Rui Costa: "Esperava uma declaração que tivesse mais humildade, mais sentido de responsabilidade, mais sonho, mais projeto e se calhar mais compromisso com os sócios em legitimar-se democraticamente. A história diz-nos sempre que a falta de legitimidade democrática determina depois crises num futuro muito próximo. Em termos políticos vivi uma situação dessas e sei o que é em cada momento o que é a ausência de legitimidade democrática. Falo do Governo de Santana Lopes".

Legitimidad de Rui Costa: "Rui Costa tem legitimidade carismática como jogador, como dirigente veremos; tem legitimidade histórica porque é tão benfiquista quanto eu e poderei discordar dele em muita coisa; falta-lhe a legitimidade democrática. Espero que Rui Costa não se deixasse levar para as próximas discussões sobre se vão ou não convocar eleições. Ele poderia dizer que estava ali para preparar a próxima época, as modalidades, mas também para se legitimar. Pensaria em que condições o iria fazer mas comprometendo-se desde logo porque senão abre aqui uma caixa de pandora relativamente à legitimidade democrática".

Facada nas costas de LF Vieira: "Há dois planos, um da legitimidade democrática, outro o da interinidade. Nos termos atuais, o Benfica tem de resolver o seu problemas de sucessão, não pode ficar órfão de poder. Se calhar os vice-presidentes achavam que hoje Luís Filipe Vieira ficaria em prisão preventiva e proibido de exercer funções. Não foi isso que aconteceu. Vamos ter uma longa noite de vingança em relação ao que foi a posição dos vice-presidentes e a de Vieira que, tendo andado com muitas daquelas pessoas ao colo, não terá gostado que no primeiro momento lhe espetassem uma faca nas costas, lhe omitissem o nome e dissesse que acabou e fossem à vida, esquecendo-o".

Rui Costa no lugar de LF Vieira: "Não esperaria nada que não fosse Rui Costa a assumir, conhecendo as ambições de cada uma das pessoas. Até os que quiseram manter o silêncio, para terem alguma hipótese daqui a algum tempo, e Rui Costa, que achou que este era o único momento por achar difícil legitimar-se pelo voto. Tudo é normal".

Jorge Jesus: "Jesus nunca foi o meu treinador, mas agora é o treinador do Benfica, por isso agora é como diz o outro, é com os meus soldados que vou para a guerra. Portanto, Rui Costa que antes, durante e depois de cada jogo da última época se agarrou a Jorge Jesus, que aproveite esses abraços para fazer dele outra vez o treinador vencedor que foi 2009/10".