Foi libertado esta sexta-feira Williams Dávila Barrios, preso político venezuelano que esteve detido durante mais de nove meses no Helicoide, centro de detenção em Caracas associado à repressão de opositores ao regime. A notícia foi confirmada esta manhã ao DIÁRIO pelo seu filho, que garantiu que o ex-governador “segue em Caracas. A saúde está bem e [está] a descansar”.

Dávila Barrios, antigo deputado da Assembleia Nacional e ex-governador do estado de Mérida, tem também nacionalidade portuguesa, atribuída ao abrigo da legislação sobre os descendentes de judeus sefarditas expulsos de Portugal no século XV. A ligação histórica e cultural a Portugal motivou, ao longo da detenção, manifestações de solidariedade por parte de cidadãos e instituições com sensibilidade para a causa dos presos políticos venezuelanos.

A detenção ocorreu em Outubro de 2024, num contexto de repressão política crescente na Venezuela. Na altura, o seu filho deu uma entrevista ao Diário de Notícias da Madeira, revelando os contornos do episódio e denunciando o tratamento a que o pai estava a ser sujeito. Desde então, a família conduziu uma luta persistente pela sua libertação, contando com o apoio de redes de solidariedade dentro e fora do país.

“Esperamos com enorme emoção poder reencontrar-nos em família e começar a recuperar o tempo perdido juntos”, declarou hoje o filho, acrescentando que “pouco a pouco espero poder agradecer, um a um, a quem esteve sempre presente e disposto a ajudar em todo momento”.

Durante mais de nove meses, Dávila Barrios esteve detido sem julgamento, sob acusações amplamente contestadas por organizações internacionais de direitos humanos. A sua libertação representa não apenas um desfecho esperado para a família, mas também um sinal de alento para os muitos que continuam privados da liberdade por razões políticas na Venezuela.

Para já, a família permanecerá em Caracas e deverá manter-se reservada nos próximos dias, concentrando-se no reencontro e na recuperação após meses de separação e incerteza.