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Vladimir Putin: Rússia quer uma ordem mundial multipolar

“Juntos venceremos”, disse, ao ser empossado pela quinta vez desde 2000. Nome do próximo primeiro-ministro pode ser conhecido ainda esta terça-feira.
7 Maio 2024, 16h37

Com os Estados Unidos e a maioria dos países da União Europeia a boicotarem (pela ausência) a cerimónia de posse de Vladimir Putin no Grande Palácio do Kremlin – para um quinto mandato de seis anos que até há pocos anos não estava previsto pela Constituição – o ‘novo’ presidente apelou à unidade de todos os russos em torno das opções estratégicas do seu governo.

Convém recordar que Putin habituou os auditores dos seus discursos a que, quando fala em ‘russos’, não costuma estar a nomear apenas os russos que vivem na Rússia, mas também a diáspora que se espalha por muitos países – nomeadamente no Báltico e nos Balcãs. O apelo à união pode por isso ser entendido como algo mais que um cerrar de fileiras nacionais.

“Somos uma nação unida e grande”, disse Putin no seu discurso de posse e citado por vários jornais, sob os aplausos de uma plateia de cerca de 2.500 pessoas. “Juntos vamos superar todos os obstáculos, alcançar tudo o que planeámos e juntos venceremos”.

Para o presidente, a Rússia tornou-se uma grande potência graças ao altruísmo e patriotismo do povo, em condições de rápidas mudanças globais, e está agora pronta para um desenvolvimento independente e robusto no interesse das gerações futuras, disse Putin. E enfatizou que as principais prioridades do país são garantir o crescimento populacional sustentável, preservar as tradições civilizacionais do país – cada vez mais ligadas à ‘ortodoxia’ da igreja ortodoxa – e continuar o desenvolvimento em parceria com os países ‘amigos’.

A Rússia está pronta para fortalecer boas relações com “todos os países que veem a Rússia como um parceiro confiável e honesto”, “E esta é realmente a maioria mundial”. Moscovo está pronta para se engajar num diálogo justo sobre segurança e estabilidade estratégica que “não deve ser mantida a partir de uma posição de força, mas deve ser livre de arrogância, presunção e senso de excecionalidade”.

Putin disse ainda que a Rússia não renuncia ao diálogo com o Ocidente: “A escolha é deles: pretendem continuar a tentar conter o desenvolvimento da Rússia, continuar a política de agressão e de pressão sobre o nosso país que não pára há anos, ou procurar um caminho para a cooperação e a paz”.

Juntamente com os seus parceiros no processo de integração euroasiática – agora que a integração europeia deixou de estar no horizonte russo – e outros centros soberanos de desenvolvimento, a Rússia continuará a trabalhar para estabelecer uma ordem mundial multipolar e um sistema de segurança igual e indivisível.

Os cidadãos russos confirmaram nas últimas eleições ” a correção do rumo do país”, o que é “de grande importância, agora que estamos a enfrentar sérios testes”. “Farei o que for preciso, o que puder, para fazer jus à sua confiança. Usarei todos os poderes do chefe de Estado consagrados na Constituição”.

“Os resultados deste trabalho dependerão, em grau decisivo, da nossa unidade e solidariedade, da aspiração conjunta de beneficiar a pátria, de a proteger, de trabalhar em plena capacidade”, referiu. “Quero agradecer de coração aos cidadãos russos em todas as regiões do nosso país, aos moradores das nossas terras históricas que defenderam o direito de estar com a pátria.”

No quadro das mudanças globais, “a Rússia deve ser autossuficiente e competitiva” e abrir novos horizontes “como já aconteceu muitas vezes em nossa história”. A base do Estado russo é “harmonia interétnica, preservação das tradições de todos os povos que vivem na Rússia – um país-civilização unido pela língua russa”.

As principais prioridades do país serão, na sua ótica, ter uma população próspera e preservar os seus valores e tradições centenárias que “continuarão a unir associações públicas e religiosas, partidos políticos em todos os níveis do governo”. “A vontade consolidada de milhões de pessoas é uma força poderosa e evidência da nossa firme crença comum de que somente nós determinaremos o futuro da Rússia para o bem das gerações presentes e futuras.”

A Rússia está confiante e “já está a implementar novos projetos e programas que são projetados para tornar o nosso desenvolvimento ainda mais dinâmico e ainda mais poderoso”. Para Putin, o sistema estatal russo deve criar condições para a renovação e o desenvolvimento, até porque “estabilidade não significa inércia”.

Recordando a “nossa história de mil anos”, como lhe é costumeiro, o presidente deixou claro que sucessivas gerações “construíram uma potência mundial e alcançaram triunfos que hoje nos inspiram “. O sistema político deve ser sustentável “e absolutamente resiliente a quaisquer ameaças e desafios, deve garantir o desenvolvimento gradual e estável, a unidade e a independência do país”.

Entretanto, o presidente russo pode propor um candidato a novo primeiro-ministro para aprovação da Duma já esta terça-feira, disse o porta-voz presidencial Dmitry Peskov à TV Channel One. Peskov lembrou que, após a tomada de posse, o governo russo renunciou e os membros do gabinete continuam a trabalhar sob o estatuto de ministros interinos.

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