O número de pessoas deslocadas internamente atingiu os 83,4 milhões no final de 2024, o número mais elevado alguma vez registado, de acordo com o relatório anual do Centro de Monitorização do Deslocamento Interno (IDMC).

O relatório divulgado na segunda-feira pelo Internal Displacement Monitoring Centre (IDMC) revela que, no final de 2023, havia 75,9 milhões de pessoas deslocadas internamente — o maior número já registado. Este total representa um aumento de 50% em relação aos últimos cinco anos.

A diretora do centro, Alexandra Bilak, afirmou que “as deslocações internas acontecem onde o conflito, a pobreza e as complicações do clima existem, atingindo mais duramente os mais vulneráveis” .

"Estes números comprovam que as deslocações internas não são apenas uma crise humanitária. São um claro desafio político e de desenvolvimento que requer muito mais atenção do que aquela que recebe atualmente”, concluiu.

O Sudão registrou 9,1 milhões de deslocados internos, o maior número já registrado em um único país desde o início do monitoramento em 2008.

“O deslocamento interno raramente faz manchetes, mas para quem o vive, o sofrimento pode durar anos”

Jan Egeland, secretário-geral do Conselho Norueguês para os Refugiados, expressou preocupação com os números, afirmando que “o deslocamento interno raramente faz manchetes, mas para quem o vive, o sofrimento pode durar anos” .

“Cada vez que o financiamento para ajuda humanitária é cortado, mais uma pessoa deslocada perde acesso a alimentos, medicamentos, segurança e esperança” .

Em 2023, os desastres naturais causaram 26,4 milhões de deslocamentos internos, representando 56% do total de 46,9 milhões de movimentos forçados registrados pelo IDMC. Os Estados Unidos foram responsáveis por quase um quarto dessas deslocações, destacando-se entre os países mais afetados por catástrofes naturais.

Ainda nesse ano, 26,4 milhões de pessoas foram deslocadas internamente devido a desastres naturais, representando 56% dos deslocamentos forçados no ano. Ciclones como Freddy e Mocha, além de terremotos na Turquia e Síria, foram os principais responsáveis por esse aumento .

Em 2024, mais de três quartos dos deslocados internos viviam em países altamente vulneráveis às alterações climáticas, como o Sudão, República Democrática do Congo e Palestina . Muitos foram forçados a fugir repetidamente ao longo do ano, à medida que as zonas de conflito se deslocavam, tornando-as ainda mais vulneráveis.

A diretora do IDMC concluiu que “agora é tempo de os utilizar para prevenir as deslocações, apoiar a recuperação e construir resiliência. São precisos esforços imediatos para ajudar as pessoas que perderam tudo e investimentos para lidar com as vulnerabilidades subjacentes, a fim de as evitar” .