
A Rússia mantém-se aberta à paz com a Ucrânia, mas alcançar os seus objetivos estratégicos continua a ser essencial, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, após Donald Trump impor um prazo de 50 dias para um cessar-fogo.
Dmitry Peskov rejeitou, uma vez mais, as acusações de Kiev e dos seus aliados ocidentais de que Moscovo está a bloquear o processo de paz. No terreno, a Rússia tem intensificado os ataques de longo alcance, tendo lançado recentemente, numa só noite, mais drones do que em alguns meses inteiros de 2024. E vários analistas alertam que as ofensivas deverão agravar-se.
"O Presidente Putin tem falado repetidamente sobre o seu desejo de alcançar uma resolução pacífica do conflito ucraniano o mais rapidamente possível. É um processo longo, exige esforço e não é fácil", disse Peskov, à televisão estatal russa.
"O mais importante para nós é atingir os nossos objetivos. Os nossos objetivos são claros", acrescentou.
O Kremlin defende que qualquer acordo de paz deve incluir a retirada da Ucrânia das quatro regiões que a Rússia anexou ilegalmente em setembro de 2022, embora nunca as tenha controlado na totalidade. Exige ainda que Kiev renuncie à adesão à NATO e aceite limites rigorosos às suas forças armadas --- exigências rejeitadas tanto por Kiev como pelos seus aliados ocidentais.
No dia 14 de julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou a Rússia com tarifas severas caso não aceite um acordo de paz num prazo de 50 dias. Anunciou também um novo canal para envio de armamento norte-americano à Ucrânia, após meses de negociações falhadas.
As conversações diretas entre Moscovo e Kiev, em Istambul, resultaram apenas em algumas trocas de prisioneiros, sem avanços substanciais.
Donald Trump não detalhou como seriam aplicadas as sanções económicas, mas indicou que visariam os parceiros comerciais da Rússia, procurando isolar Moscovo da economia global. O presidente dos EUA disse ainda que os aliados europeus comprariam "milhares de milhões" de dólares em equipamento militar dos EUA, incluindo sistemas de defesa aérea Patriot, prioritários para a Ucrânia na defesa contra drones e mísseis russos.
Recentemente, surgiram dúvidas sobre o compromisso de Donald Trump com o apoio militar a Kiev, depois de o Pentágono ter suspendido temporariamente os envios por receio de quebra nos seus próprios "stocks".