"Isto começa a ser uma incógnita: estão a assassinar os nossos desmobilizados", disse José Manteigas, porta-voz do partido, durante uma conferência de imprensa em Maputo, na qual denunciou o alegado assassinato de um delegado e desmobilizado no centro do país.

José Manteigas disse que a morte cria "um ambiente de desconfiança" referindo que o partido não pode prever, neste momento, datas para o encerramento da base.

"Há questões que não estão a ser acauteladas no âmbito do acordo", acrescentou o porta-voz.

Em causa está o adiamento, em dezembro, do encerramento da base central do braço armado da Renamo na serra da Gorongosa, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) previsto no acordo de paz assinado com o Governo da Frente de LIbertação de Moçambique (Frelimo) em 2019.

Entre as reclamações do principal partido de oposição destacam-se os atrasos nas pensões que deviam ser pagas aos guerrilheiros desmobilizados, um problema para o qual o enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas a Moçambique e presidente do grupo de contacto nas negociações, Mirko Manzoni, tinha alertado.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi disse na quinta-feira que o seu executivo procura estabelecer um consenso para o encerramento da última base da Renamo, referindo que a intenção é garantir que as pensões para os desmobilizados sejam sustentáveis.

"Em todas as sociedades e nações, quem tem direito a pensões é quem trabalhou e teve descontos. Este não é o caso, mas para o sucesso deste processo estamos a envidar esforços para que eles tenham pensões", explicou o chefe de Estado moçambicano.

O processo de DDR faz parte do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado em 06 de agosto de 2019 entre o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade.

O entendimento foi o terceiro entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a principal força da oposição, todos assinados na sequência de ciclos de violência armada entre as duas partes.

No âmbito do acordo, do total de 5.221 elementos a abranger, cerca de 4.700 (90%) já entregaram as armas, sendo que alguns foram incorporados nas Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.

LYN (EYAC) // JH

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