Governos avançam com novos impostos sobre veículos elétricos: queda de receitas nos impostos dos combustíveis obriga a medidas impopulares

Os decisores políticos globais estão à procura de impor novos impostos sobre veículos elétricos, uma vez que a mudança dos motores de combustão ameaça deixar um buraco de 100 mil milhões de dólares nas receitas do Governo, por via da quebra dos impostos sobre os combustíveis.

De acordo com o ‘Financial Times’, o Reino Unido, a Nova Zelândia, Israel e a maioria dos estados dos EUA estão entre as jurisdições que introduzem alterações fiscais e taxas sobre EV e veículos híbridos concebidos para angariar fundos e compensar as reduções nos impostos especiais sobre o consumo de gasolina e diesel.

As medidas são variadas, desde taxas de registo até taxas de utilização rodoviária baseadas na quilometragem e impostos sobre pontos de carregamento públicos. De acordo com os proprietários de veículos elétricos e ativistas ecológicos, estas medidas vão abrandar a mudança na sociedade para alternativas com baixas emissões.

As novas taxas chegam num momento complicado para a adoção de EV: embora se espere que as vendas globais atinjam novos recordes este ano, as margens de lucro em declínio e o crescimento mais lento estão a levar os fabricantes de automóveis a ‘pisar no travão’ nos seus planos de eletrificação.

“Muitas dessas políticas não são politicamente populares. É difícil aumentar os impostos, mas é necessário”, defendeu Rachel Aland, diretora de transportes do Conselho Americano para uma Economia Eficiente em Energia, um grupo de reflexão com sede em Washington DC, salientando que a arrecadação de impostos sobre combustíveis estão em queda há algum tempo devido ao aumento da eficiência de combustível dos veículos com motores de combustão interna. No entanto, a crescente prevalência de EV na estrada está a exercer uma pressão adicional sobre uma importante fonte de receitas governamentais.

Até 2030, prevê-se que os EV desloquem 6 milhões de barris por dia do consumo global de petróleo, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), sendo que a procura em 2023 foi de 102 milhões de b/d.

Segundo dados da AIE, a mudança para os EV deslocou 10 mil milhões de dólares em receitas provenientes dos impostos sobre a gasolina e o gasóleo a nível mundial no ano passado – prevê-se que a perda líquida aumente para 110 mil milhões de dólares até 2035 se os países cumprirem as suas metas de eletrificação, roubando aos Governos fundos vitais que são muitas vezes reservados para pagar a manutenção de estradas e melhorias nos transportes.

A Europa, onde os países tendem a cobrar impostos mais elevados sobre a gasolina e o gasóleo em comparação com os EUA e a China, representou 60% das perdas de receitas globais no ano passado – embora os países recuperem algum financiamento em impostos sobre a eletricidade, a receita é marginal em comparação com a perda em impostos sobre combustíveis, salientou a agência internacional.

À medida que um número crescente de Governos estabelece prazos para a eliminação progressiva dos automóveis com motor de combustão, os decisores políticos são forçados a considerar reformas fiscais impopulares.

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