"Se é naturalmente compreensível a procura a todo o custo de notícias e imagens sobre a violência terrorista, o jornalista e o órgão de comunicação social devem sentir obrigação moral de reportar respeitando as regras de dignidade humana", disse Filipe Nyusi.

O chefe de Estado falava durante cerimónia de tomada de posse de 11 novos membros do Conselho Superior de Comunicação Social (CSCS) de Moçambique.

Para o Presidente, a proliferação de órgãos de comunicação social no país propícia o desrespeito pela deontologia profissional e pela vida, situação causada pela busca de audiência.

"A importância do sofrimento humano não pode ser reduzida a meros atos de competição para atrair audiências", declarou Nyusi, pedindo que os empossados criem debates sobre o assunto, para "resgatar alguns valores que lentamente vão-se perdendo".

"Sente-se na nossa sociedade uma preocupação sobre tendências para o desrespeito pelos mais elementares princípios éticos e sociais. Vive-se o desrespeito pelos valores da família, dignidade da mulher e da criança pelos órgãos da comunicação social", apontou.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.

Um ataque a Palma, junto ao projeto de gás em construção, em 24 de março, provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.

As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

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