"Vamos protestar contra este assalto eleitoral (...) estamos a reunir os autos, com grande dificuldade porque as nossas instalações estão ocupadas, não temos acesso aos nossos documentos, mas queremos encaminhar o caso para o Tribunal Constitucional, sem muitas expectativas", declarou Diallo.

A comissão eleitoral da Guiné-Conacri anunciou hoje que o Presidente cessante Alpha Condé venceu as eleições presidenciais de dia 18 com 59,4% dos votos, conseguindo assim um controverso terceiro mandato.

O organismo atribuiu 33,5% dos votos ao principal adversário, Cellou Dalein Diallo, que se declarou vencedor das presidenciais antes da divulgação dos resultados.

Assim que os resultados foram anunciados eclodiram confrontos entre a polícia e manifestantes, constatou um jornalista da AFP, que refere terem sido ouvidos tiros.

"Estamos na rua, enquanto Cellou Dalein não nos pedir para voltar a casa", disse à AFP um dos manifestantes, Souleymane Cisse, motorista.

A violência pós-eleitoral já causou pelo menos uma dezena de mortos, depois de meses de mobilização contra a possibilidade de um terceiro mandato de Condé, duramente reprimida, resultarem em dezenas de mortes de civis.

Condé, 82 anos, foi o primeiro chefe de Estado eleito democraticamente em 2010, após décadas de regimes autoritários na Guiné-Conacri, país vizinho da Guiné-Bissau.

Durante um referendo em março, muito contestado, fez aprovar uma nova Constituição e considerou que o novo texto lhe permitia voltar a concorrer a um terceiro mandato. Os adversários denunciaram um "golpe de Estado constitucional".

Os opositores acusaram agora o Governo de estar envolvido numa fraude, enquanto o executivo e os apoiantes de Condé asseguraram que o processo eleitoral foi realizado de forma segura e responsabilizaram Diallo pela instabilidade social na Guiné-Conacri por se ter autoproclamado na segunda-feira vencedor das eleições.

Diallo, 68 anos, foi derrotado por Condé nas presidenciais de 2010 e de 2015, tendo proclamado a sua vitória na segunda-feira com base nos dados recolhidos pelos seus partidários nas assembleias de voto, alegando não confiar na independência da comissão eleitoral e do Tribunal Constitucional. Indicou ter obtido 53% dos votos.

PAL (JYO/SMM) // HB

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