O relatório do ONUDC concentra-se em cinco países daquela região de África: Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger e Chade, países pobres que também são confrontados com violência multifacetada, incluindo a violência jihadista.

Os medicamentos velhos estão a ser desviados da cadeia de abastecimento da Europa e, em menor escala, da China e da Índia. Passam frequentemente pelos portos marítimos da Guiné, Gana, Benim e Nigéria antes de serem transportados para o Sahel.

"Embora não haja dados fiáveis sobre todas as quantidades traficadas sob diversas formas e rotas nos países do Sahel, os estudos indicam" uma percentagem de "medicamentos de qualidade inferior ou falsificados no mercado que varia entre 19 e 50%", segundo o relatório da ONUDUC.

No Sahel e países vizinhos, "a elevada prevalência de doenças infecciosas como a malária, e os desafios em termos de disponibilidade e acesso aos cuidados de saúde criam um ambiente em que a procura de produtos e serviços médicos não é totalmente satisfeita através de canais formais".

"Quando um produto (legítimo) é desviado da cadeia de abastecimento, há muito pouco (acompanhamento) sobre como deve ser utilizado", diz François Patuel, chefe da unidade de investigação e de sensibilização do ONUDC.

E acrescenta: "Se quiser obter um antibiótico no mercado, pode obtê-lo. É ou não o mais adequado? Tem de ser monitorizado". Estas deficiências contribuem para a resistência microbiana e antipalúdica, alerta.

As pessoas envolvidas no comércio vão desde empregados de empresas farmacêuticas a vendedores ambulantes, passando por agentes de segurança. Os grupos armados estão menos envolvidos no comércio, indica o documento.

"Apesar do envolvimento frequentemente publicitado de grupos terroristas e grupos armados não estatais no tráfico de medicamentos no Sahel, muitos dos casos documentados mostram que é limitado e gira em torno do consumo destes produtos médicos e dos impostos cobrados (sobre eles) nas áreas sob o seu controlo", diz o relatório.

Os tratamentos ineficazes, associados a este tráfico de produtos médicos, reduzem a confiança no sistema de saúde e no governo, alerta ainda.

FP // RBF

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