O vice-primeiro-ministro de Itália, Matteo Salvini, afirmou esta quinta-feira que nenhum soldado italiano morrerá em nome do presidente francês, depois de Emmanuel Macron ter insistido na possibilidade de envio de tropas ocidentais para a Ucrânia.

“Nunca um soldado italiano irá morrer em nome de Macron, é o que eu penso”, disse Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga, que integra a coligação governamental da primeira-ministra Giorgia Meloni, citado pela agência italiana ANSA.

Macron reafirmou numa entrevista à revista britânica The Economist, divulgada hoje, que não se pode excluir o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, tal como já tinha dito em fevereiro.

“Se os russos passassem a linha da frente, se houvesse um pedido ucraniano — o que não é o caso atualmente –, deveríamos legitimamente colocar-nos a questão”, disse o presidente francês.

Para Macron, excluir tal hipótese a priori significaria não se terem aprendido “as lições dos últimos dois anos”, quando os países da NATO recusaram enviar tanques e aviões para a Ucrânia, antes de mudarem de ideias.

Numa reação à posição de Salvini, o eurodeputado Sandro Gozi, secretário-geral do Partido Democrata Europeu, acusou o líder da Liga de ser o verdadeiro porta-voz do Kremlin (presidência russa). “A primeira resposta imediata às palavras do presidente francês não veio da porta-voz oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, mas do verdadeiro porta-voz do Kremlin na Europa, Matteo Salvini”, afirmou.

Gozi, eleito pelo partido Renascença, de Macron, disse que “Salvini sempre foi muito claro em relação [ao presidente russo Vladimir] Putin e à guerra na Ucrânia”. “Não há ambiguidade estratégica: ele escolheu o lado em que quer estar, o de Putin e da Rússia, obviamente”, acrescentou.

Gozi acompanhou os comentários nas redes sociais com uma fotografia conhecida de Salvini na Praça Vermelha, em Moscovo, envergando uma T-shirt com o rosto de Putin. Salvini já declarou no passado a admiração por Putin, mas condenou a invasão russa da Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro de 2022. Mais recentemente, Salvini apelou a Kiev para que negociasse com os russos.