"Vi uma atmosfera muito favorável para cooperarmos em vantagem mútua, porque não existe cooperação só para um lado, ela tem de ser de forma mutuamente vantajosa", disse o embaixador Vladimir Tamarov em declarações à Lusa no final de um encontro com Patrice Trovoada, na capital são-tomense.

O diplomata revelou que Moscovo decidiu aumentar de cinco para 20 a atribuição de bolsas de estudo a são-tomenses, num ato que mostra uma das vertentes de cooperação.

Vladimir Tamarov disse que falou com o chefe do Governo de São Tomé e Príncipe de "projetos que estão a ser planeados", sem especificar, cuja realização "vai exigir certa habilidade de ambas as partes".

"A Rússia está disposta - estou aqui há seis anos e tenho-o sublinhado em diferentes ocasiões -- e acho que podemos renovar a cooperação em vários domínios", repetiu.

Questionado se o tema da guerra da Rússia com a Ucrânia tinha sido abordado no encontro, o diplomata declarou que o fim do conflito "não é uma preocupação de São Tomé e Príncipe mas sim uma preocupação de todos os países" e que o primeiro-ministro de São Tomé tem uma posição de neutralidade, que é também a dos são-tomenses, na generalidade.

Repetindo mensagens já várias vezes veiculadas pelo Kremlin, o diplomata russo retrocedeu às negociações de março de 2022 entre delegações dos dois países em conflito, sob os auspícios da Turquia, para afirmar que "dirigentes influentes do Ocidente influenciaram a Ucrânia a não aceitar as condições" que tinham sido estabelecidas.

"Estamos de acordo todos que esse conflito tem repercussões negativas para o mundo", mas, acusou, "não só a Rússia tem responsabilidade, não só a Ucrânia tem responsabilidade, há países interessados em prolongar esse conflito".

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