
O presidente do Governo da Madeira e líder do PSD regional, Miguel Albuquerque, disse este domingo, perante o primeiro-ministro, que os madeirenses estão fartos de ser renegados pela República e anunciou um projeto de revisão constitucional.
"Eu estou aqui hoje, cara a cara com o nosso primeiro-ministro, para lhe dizer, perante todos vós, que confio na palavra dele. Nunca me enganou. Mas é fundamental passarmos das palavras à ação. Vamos para a frente, repor a justiça para com os madeirenses", afirmou.
Miguel Albuquerque falava na festa do PSD/Madeira, na Herdade do Chão da Lagoa, nas montanhas sobranceiras ao Funchal, considerado o maior evento partidário organizado na região, com a presença de milhares de pessoas, onde discursou depois de Luís Montenegro.
"Temos de ter, neste momento, a capacidade de nos livrarmos das grilhetas do território continental", disse, vincando que o PSD quer ver reforçada a capacidade de a região autónoma "decidir democraticamente" o seu projeto e o seu futuro.
Além de reafirmar a importância da revisão da lei das finanças regionais e resolução de vários dossiês pendentes com a República, o líder social-democrata madeirense anunciou que vai liderar um projeto de revisão constitucional para "libertar a região das grilhetas do centralismo".
"Eu, pessoalmente, vou liderar um grupo de trabalho para apresentar um projeto de revisão constitucional para finalmente a Madeira ter direito a um futuro de liberdade e desenvolvimento", disse, reforçando: "Nós não podemos ficar atolados, nós não podemos ficar com as grilhetas do centralismo."
Miguel Albuquerque considerou que, atualmente, a Constituição, as decisões do Tribunal Constitucional, bem como um "conjunto de palermices da lei da República", só servem para "bloquear e criar dificuldades" no desenvolvimento da Madeira.
Por outro lado, Albuquerque disse ser fundamental que o primeiro-ministro e o seu executivo cumpram com os compromissos já assumidos com a região autónoma, vincando que "os madeirenses estão fartos de ser renegados pela República e a República tem que assumir as suas responsabilidades".
"É fundamental que o Estado, no quadro da Constituição, assuma os sobrecustos da ultraperiferia e insularidade", disse, acrescentando: "Não é nenhum favor que a República e o Estado português nos faz. É uma obrigação para com os portugueses das ilhas."
O chefe do executivo regional realçou que os madeirenses são "cidadãos de primeira" e lembrou que a região sinaliza um crescimento económico há 49 meses consecutivos, garantindo que o partido, que governa a região desde 1976, vai continuar a liderar o arquipélago no "caminho do progresso".
Miguel Albuquerque sublinhou, por outro lado, que o objetivo do PSD nas eleições autárquicas de 12 de outubro é ganhar nos 11 municípios que compõem a região autónoma, e apresentou no palco da Herdado do Chão da Lagoa os 11 cabeças de lista.