O grupo de signatários do manifesto em defesa de um “sobressalto cívico” que leve à concretização de uma reforma da Justiça pediu esta quinta-feira uma audiência ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para apresentar e debater o documento.

Em declarações à Lusa, Rui Rio, ex-líder do PSD e um dos nove subscritores que constituem o núcleo duro do Manifesto dos 50, afirmou que o objetivo desta audiência é “apresentar e debater o documento, para que este possa constituir-se como elemento base para a reforma da Justiça”.

“O Manifesto dos 50 é para ter continuidade, não é um papel que se lançou e acabou”, afirmou Rui Rio, acrescentando que a iniciativa “obriga a outras diligências, porque senão não há sobressalto” que acabe com a “preocupante inércia” dos agentes políticos relativamente à reforma da Justiça, como é defendido pelos subscritores.

Rui Rio referiu que o manifesto, que é liderado por “um núcleo duro” composto também por Maria de Lurdes Rodrigues, Ferro Rodrigues, David Justino, Vital Moreira, Paulo Mota Pinto, Mónica Quintela, Augusto Santos Silva e Daniel Proença de Carvalho, conta já com mais de 50 subscritores.

Rio adiantou também que está previsto o “lançamento de mais 50 novos nomes de apoio ao manifesto”, referindo como novas personalidades que assinam o documento o conselheiro de Estado e economista Miguel Cadilhe, o antigo ministro Valente de Oliveira, Teresa Caeiro, do CDS-PP, a antiga vereadora da Câmara do Porto Manuela de Melo e o escritor Richard Zimler.

O Manifesto dos 50 foi conhecido há uma semana, com o grupo de 50 personalidades a assinarem o documento em defesa de um “sobressalto cívico” que acabe com a “preocupante inércia” dos agentes políticos relativamente à reforma da Justiça, num apelo ao Presidente da República, Governo e parlamento.

Os signatários “instam o Presidente da República, a Assembleia da República e o governo, bem como todos os partidos políticos a tomarem as iniciativas necessárias para a concretização de uma reforma no setor da Justiça, que, respeitando integralmente a independência dos tribunais, a autonomia do Ministério Público e as garantias de defesa judicial, seja inequivocamente direcionada para a resolução dos estrangulamentos e das disfunções que desde há muito minam a sua eficácia e a sua legitimação pública”.

No texto considera-se que “a Justiça funciona quase inteiramente à margem de qualquer escrutínio ou responsabilidade democráticos, apesar de ser constitucionalmente administrada em nome do Povo” e que “o sentimento de impunidade que a ineficácia do sistema, por si só, já transmite para a sociedade, é, assim, agravado pelo défice dos mecanismos de avaliação interna existentes e pela falta de mecanismos de escrutínio externo descomprometido com o próprio aparelho judiciário”.