Em declarações aos jornalistas na Guarda, à margem de uma visita a um mercado inserida na campanha eleitoral, Francisco Rodrigues dos Santos foi questionado sobre como vê as declarações do secretário-geral do PS, e primeiro-ministro, António Costa, que em entrevista à Rádio Renascença admitiu dialogar com todos os partidos, à exceção do Chega.

“Sem surpresa, eu venho alertando para isso há muito tempo, que há um elefante na sala nestas eleições legislativas, que é a possibilidade de termos um bloco central de interesses a governar Portugal”, afirmou.

Francisco Rodrigues dos Santos voltou a garantir que não fará “acordos parlamentares” com o Chega, mas disse contar que “todos os partidos, sem exceção, possam viabilizar essa solução alternativa para o país”.

“Estou disponível, sim, para fazer uma ponte construtiva, de compromisso, com o PSD, que é o nosso parceiro tradicional para governarmos Portugal. Creio que é isso que irá acontecer, mas para termos uma governação de direita, para impedimos que o Partido Social Democrata, no caso Rui Rio, se vá entender com António Costa, e para termos uma nova maioria de direita no parlamento precisamos de um CDS forte, e é esse apelo que eu faço”, salientou.

E considerou que esta não é uma mudança de discurso por parte de António Costa, face ao apelo para uma maioria absoluta.

“Na verdade eu acho que sempre esteve implícita e subliminar na aproximação que houve entre os dois partidos ao longo desta última legislatura, convergindo em matérias que eu acho que muito penalizaram a vida democrática do país”, defendeu o líder centrista.

Francisco Rodrigues dos Santos acusou o PSD de ter sido “mais colaboração do que oposição”, e apontou que o PS “abriu sempre a possibilidade de, caso descartasse os seus companheiros de extrema esquerda, vir entender-se com o PSD”.

O presidente do CDS considerou também que “é inalcançável” os portugueses darem uma maioria absoluta do PS, sustentando que “só na cabeça de António Costa” é que “ainda faria algum sentido apelar as maiorias absolutas do Partido Socialista”.

E ironizou: “Eu acho que as televisões poderiam criar um programa, um ‘reality show’, que é ‘quem quer casar com António Costa'”.

O primeiro-ministro seria “o grande protagonista deste novo programa de entretenimento”, que consistiria em juntar “todos aqueles que ele acha potencialmente interessados em fazer alianças consigo e depois as pessoas diriam ou não se querem entender-se com António Costa”.

E deixo uma garantia: “A mim não me convida para esse programa porque eu não me vou entender com o António Costa”.

“O CDS é o único partido que se afirma frontalmente contra esta ausência de rumo e de estratégia que Portugal vem seguindo, que tem conduzido o país ao atraso económico, à pobreza, ao aumento dos impostos, aos baixos salários”, salientou, indicando que os centristas não querem “apenas mudar a cara do primeiro-ministro”, mas “uma política de direita a sério” para os próximos quatro anos.

O líder centrista defendeu ainda que “só o CDS é o voto certo para garantir uma governação de direita em Portugal, uma vez que os votos do PSD podem vir parar ao bolso de António Costa e por outro lado até os votos do PS podem servir para entendimentos de bloco central”.