"Quer dizer que nós vamos ter uma reviravolta tão grande que a desgraça que vai seguir a essa pandemia pode ser ainda maior que a própria pandemia", disse Pinto da Costa aos jornalistas.

O antigo chefe de Estado que governou o país durante os primeiros 15 anos da independência e voltou à Presidência entre 2010 e 2014 ofereceu, sexta-feira, um lote de materiais e equipamentos sanitários ao governo para o combate ao novo coronavírus.

O responsável reconhece que o governo "não está preparado para enfrentar esta situação", está "completamente desorganizado"m "improvisando as coisas".

"O nível de organização que nós temos internamente não nos garante sucesso nessa luta contra a pandemia", refere Manuel Pinto da Costa, defendendo que "o momento não é para indicar os culpados".

Até segunda-feira, a doença fez 12 vítimas mortais e 299 infetados, de acordo com informações do Ministério da saúde de São Tomé e Príncipe.

"O governo está a fazer todos os esforços possível e imaginário, mas será que esse governo está a fazer as coisas que devem ser feitas?" - questiona Pinto da Costa, considerando que "o país não tem uma liderança".

Manuel Pinto da Costa defendeu que, para combater a pandemia, "o país deveria ter uma equipa com gente com experiência suficiente na matéria que ajudasse o governo a encontrar melhor caminho, as melhores decisões e soluções".

Sublinha que só assim se pode "evitar que gente que não percebe nada disto começa a improvisar e essas improvisações podem ter consequências gravosas para nós".

O primeiro Presidente da República de São Tomé e Príncipe considera que não "pode ficar indiferente perante a situação que o país está a viver".

Pinto da Costa acredita haver no país "muito mais gente afetada mais do que aquilo que foi anunciado" pelas autoridades sanitárias.

Pinto de Costa foi líder histórico do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe, o partido que hoje governa o país.

Em África, há 3.478 mortos confirmados em mais de 116 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

O país lusófono mais afetado pela pandemia é o Brasil, com 23.473 mortos e mais de 374 mil contaminados, sendo o segundo do mundo em número de infeções, atrás dos Estados Unidos (1,6 milhões) e à frente da Rússia (mais de 362 mil).

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