Fundado por Antonio Miguel Viegas, o projeto começou há cerca de dois anos, com uma proposta inicial de investimento de 1,7 milhões de dólares (1,4 milhões de euros), e espera quintuplicar até 2023 os atuais dois hectares já plantados.

Com oito toneladas de produção este ano de pitaia, também conhecida como fruta-dragão, a Agropro está a implantar mais 2,5 hectares, o que vai elevar, ainda este ano, a zona total plantada para 4,5 hectares.

A Agropro foi uma de cinco empresas a quem hoje a Tradeinvest, o braço de promoção do investimento no país do Governo timorense, entregou certificados que garantem benefícios fiscais, incluindo na importação e exportação.

"A obtenção do certificado tem uma grande importância para a empresa, não só pelos benefícios que a ele estão inerentes, mas também por ser para nós o voto de confiança e reconhecimento do Governo de Timor-Leste", disse à Lusa, António Viegas.

O responsável da empresa, a viver em Timor-Leste desde 2013, explicou que além da produção de pitaia, a Agropro aposta na "melhoria dos sistemas agroflorestais e combate às alterações climáticas" com a propagação de plantas de sândalo.

Atualmente protegido, o sândalo foi uma das árvores mais procuradas por mercadores regionais, o que levou as florestas outrora existentes na ilha de Timor ao quase desaparecimento.

"Esperamos brevemente iniciar a exportação de pitaia para os mercados internacionais, contribuindo assim não só para a valorização e reconhecimento dos produtos de Timor-Leste no exterior como também contribuir para o desenvolvimento económico e social do país", disse.

A empresa tem já parcerias para a ampliação e implantação de novos projetos de pitaia para novos investidores e para o fornecimento de plantas de sândalo a empresas.

"Estamos convictos da sustentabilidade do projeto e da sua importância para o desenvolvimento das zonas rurais e para a recuperação económica do país", notou Viegas.

"A empresa quer que este seja um projeto piloto e que possa em breve replicá-lo em outras áreas de Timor Leste com o apoio do Governo ou outras instituições", adiantou.

Apesar de empregar a ampla maioria da população timorense, essencialmente no modelo de subsistência, o setor agrícola em Timor-Leste ainda é emergente, apesar de na última década terem aumentado o número de projetos agrícolas, na produção de aves e de café.

Aquacultura, produção de frutas e legumes e outros projetos têm vindo a crescer no país. No entanto, Timor-Leste tem que importar grande parte dos alimentos que consome, por não existir praticamente indústria transformadora.

Além da Agropro, o certificado de benefícios foi entregue à empresa Acelda, de Vemasse, com um projeto de produção de arroz, e às empresas Dos Santos Agropec (Atabae) e Comve (Lospalos), ambas com produções de frangos.

Foi ainda certificada uma das empresas mais antigas no setor do turismo do país, a Compass, que além de barcos de recreio opera duas unidades de ecoturismo na ilha de Ataúro, a norte da capital timorense.

Globalmente, estes investimentos ultrapassaram, na fase inicial, os cinco milhões de dólares (4,2 milhões de euros).

O diretor da Tradeinvest, Arcanjo da Silva, reconheceu que cada investimento que obtém o certificado de benefícios "representa uma perda de receita tributária", mas que tem um benefício maior a longo prazo, especialmente no que toca a criação de emprego.

"O objetivo aqui é estimular o investimento. Podemos perder impostos durante um período, mas, se o investimento for sustentável, depois temos captação sustentável, para o futuro", disse.

"O importante é que estes projetos respondem à causa nacional do emprego, contribuindo para a diversificação económica e para a criação de postos de trabalho", sublinhou.

Os empresários saudaram o papel da Tradeinvest como ponte entre os projetos, os Ministérios e demais entidades relevantes do Estado, para facilitar contactos, reduzir burocracias e apoiar a implementação dos projetos.

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