No final da inauguração da nova Unidade de Cuidados Intensivos nível II do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF), na Amadora (Lisboa), António Costa recorreu à sua experiência pessoal, depois de hoje ter terminado um período de isolamento profilático de 14 dias após um contacto com um infetado, o presidente francês, Emmanuel Macron.

"Queria dizer que sei bem que estes 14 dias parecem uma eternidade que nunca mais acabam, mas acabam mesmo", afirmou, desejando a todos os portugueses que neste momento cumprem esse isolamento que o possam completar "em boa saúde", como foi o seu caso.

Questionado como passou estes dias, António Costa explicou que, como não teve qualquer sintoma, teve a "felicidade" de poder continuar a trabalhar.

"Grande parte do tempo foi ocupado a fazer o meu trabalho. Nos momentos que não estive a trabalhar, foi uma sensação ao contrário do habitual... Os tempos livres são mesmo os mais penosos", afirmou.

O primeiro-ministro começou por pedir aos jornalistas que fossem rápidos nas perguntas, explicando: "Têm que ser rápidos que eu tenho saudades mesmo de ir para casa".

António Costa escusou-se a responder a perguntas sobre temas da atualidade, como os aumentos dos vencimentos dos administradores da TAP ou a promulgação do Orçamento do Estado para 2021 com reparos do Presidente da República.

"Este é o momento em que nos temos de concentrar no essencial, o essencial é o combate à pandemia e, para além do trabalho extraordinário que estes profissionais fazem, o essencial é o que todos nós temos de fazer para evitarmos ficar doentes", afirmou.

O primeiro-ministro disse compreender a "emoção e entusiasmo" com que o país tem vivido o início do processo de vacinação, mas alertou que vai "um processo longo, de vários meses".

"Apesar de tudo, a covid vai continuar entre nós, isto significa que não podemos baixar a guarda e temos de manter todas as regras de proteção individual e continuar a evitar o mais possível os contactos que não são necessários porque são fatores de risco", afirmou.

"Muito cuidado, apesar da vacina", apelou, dando o seu exemplo em que bastou "almoçar com uma pessoa contaminada" para ficar 14 dias em isolamento.

Sobre se a compra de mais dois milhões de vacinas da Pfizer ou a futura aprovação da vacina da AstraZeneca pode alterar o plano de vacinação em Portugal, António Costa referiu que quer o processo de compra centralizado a nível europeu quer o rateio a cada país estão definidos.

"O importante é que não se sacrifique nenhum dos passos fundamentais que para que todos tenham confiança na segurança da vacina, o mínimo de burocracia e máximo de rigor possível para que todos possamos sentir segurança no processo de licenciamento", apelou.

António Costa esteve acompanhado nesta inauguração pela ministra da Saúde, Marta Temido, pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e Coordenador Regional de Lisboa e Vale do Tejo para a pandemia, Duarte Cordeiro, e pelo presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, já que o Hospital Fernando da Fonseca serve os concelhos da Amadora e de Sintra.

Portugal contabiliza pelo menos 6.830 mortos associados à covid-19 em 406.051 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado até 07 de janeiro, com recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.

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Lusa/fim