A menor efetividade do imunizante chinês, aplicado maciçamente no Chile, no Uruguai e no Brasil, tem levado os governos vizinhos a optarem por substituir a CoronaVac.

"Considerando a evolução no tempo e o risco que significa a variante Delta, além de receber as recomendações (científicas) tanto nacionais quanto internacionais, decidimos iniciar um reforço da vacinação em todas as pessoas que receberam as duas doses da vacina Sinovac [laboratório chinês da CoronaVac]", anunciou o presidente Sebastián Piñera, durante a entrega do balanço do governo sobre a pandemia.

A terceira dose será aplicada, de forma escalonada, a partir do próximo dia 11 de agosto nas pessoas acima de 55 anos. O cronograma inclui os vacinados com a segunda dose do imunizante chinês entre os dias 1 e 14 de março. Esse grupo receberá preferentemente uma dose da AstraZeneca.

A subsecretária de Saúde, Paula Daza, acrescentou que "os menores de 55 anos devem começar a ser vacinados em setembro com a vacina da Pfizer através de um calendário a ser definido de acordo com a disponibilidade da chegada de vacinas".

As pessoas imunodeficientes acima de 16 anos que tenham sido vacinadas com as duas doses até 31 de maio também serão vacinadas, mas com a vacina da Pfizer. Esse segmento tem dificuldade em produzir anticorpos, tendo como única alternativa uma vacina de RNA mensageiro.

"Todos os maiores que receberam a CoronaVac serão vacinados", garantiu Piñera.

Atualmente, 12,6 milhões de pessoas estão completamente vacinadas no Chile numa das campanhas de maior sucesso no mundo cuja meta é atingir, pelo menos, 15,2 milhões de pessoas, equivalentes a 80% da população.

A CoronaVac, responsável por 70% da vacinação no Chile, demonstrou ser efetiva contra o coronavírus em casos graves, mas, nos casos sintomáticos, a sua efetividade diminui consideravelmente a partir do sexto mês de aplicada a primeira dose.

Há uma semana, o Ministério da Saúde do Uruguai também anunciou uma terceira dose da Pfizer para vacinados com a chinesa CoronaVac. Essa terceira dose será aplicada aos que tiverem, no mínimo, 90 dias desde a aplicação da segunda dose do imunizante chinês. As inscrições no calendário de reforço começaram nesta semana.

Na quarta-feira (04), o Ministério da Saúde do Chile divulgou o estudo "Efetividade do Programa de Vacinação contra SARS-CoV-2", realizado entre fevereiro e julho, através do qual compara a efetividade dos imunizantes dos laboratórios Sinovac (CoronaVac), Pfizer-BioNTech e AstraZeneca. No caso da CoronaVac, a efetividade de 67% cai a 58,49% nos casos sintomáticos.

Todas continuam efetivas para na prevenção das formas mais graves da doença, mas sofrem uma diminuição na efetividade diante de casos sintomáticos.

"É muito provável que essa diminuição da efetividade contra covid-19 sintomática continue ao longo do tempo. Portanto, estamos num bom momento para tomar a decisão de um reforço", recomendou o Dr. Rafael Araos, um dos líderes do estudo.

Há duas semanas, cientistas chilenos da Universidade Católica do Chile, que conduziram um ensaio clínico com 2.300 voluntários, comprovaram uma alta eficácia da vacina durante os seis primeiros meses para evitar casos graves e mortes, mas verificaram uma queda significativa de efetividade após esse período.

Em 16 de abril, o Ministério da Saúde do Chile publicou um estudo realizado com 10,5 milhões de chilenos vacinados 14 dias depois da segunda dose da CoronaVac. A efetividade da vacina foi de 67% (média entre a variação de 65% a 69%) para prevenir covid-19 sintomática.

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