Os primeiros caças F-16 estão a caminho da Ucrânia e já vão ser incorporados em missões este verão, de acordo com um comunicado dos governos neerlandês e dinamarquês, que foi divulgado pela Casa Branca na cimeira da NATO.

Dick Schoof, o primeiro-ministro dos Países Baixos, e Mette Frederiksen, a líder do Governo da Dinamarca, afirmaram que o “processo de transferência” dos F-16 para Kiev estava em curso, após meses de negociações políticas e treino de pilotos. Os dois líderes também adiantaram que “a Ucrânia vai conseguir fazer voar F-16 operacionais este verão”. Cerca de 85 aviões de combate foram enviados para Kiev, e várias autoridades acreditam que poderão mudar a sorte de Kiev no campo de batalha. A esperança dos ucranianos e dos seus aliados ocidentais é que os caças sejam capazes de impedir os ataques de bombas planadoras russas lançadas por aviões de guerra que operam até 70 km de distância e que têm devastado a linha da frente.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, convicto de que este passo fará diferença na guerra, disse estar grato aos países que tomaram medidas para ajudar a Força Aérea da Ucrânia a obter os F-16. “Estou grato aos Estados Unidos, à Dinamarca e aos Países Baixos por terem tomado medidas práticas para alcançar o objetivo de todos os ucranianos: fortalecer a Força Aérea ucraniana com os F-16."

“Os F-16 aproximam a paz justa e duradoura, demonstrando que o terrorismo deve falhar em todo o lado e em todos os momentos”, comentou o chefe de Estado ucraniano. Em declarações ao Expresso, Walter Dorn, professor de Estudos de Defesa na Canadian Forces College, em Toronto, explica que deve haver um otimismo limitado em relação à notícia: “A chegada de caças nos próximos meses ajudará a Ucrânia, mas a vantagem ainda está do lado dos defensores (russos), uma vez que estes F-16 podem ser abatidos se voarem alto.”

Na cimeira em Washington, os países da NATO chegaram a um acordo, no sentido de declarar que a Ucrânia está num “caminho irreversível” para a adesão, adianta o jornal “The Guardian”. Numa declaração final da cimeira da NATO, os países deverão, assim, manifestar que apoiam a Ucrânia no “seu caminho irreversível para a plena integração euroatlântica, incluindo a adesão à NATO”, informou também a AFP, citando fontes diplomáticas.

A declaração também repetirá uma redação anterior de que a Ucrânia receberá um convite formal para aderir “quando os aliados concordarem e as condições forem cumpridas”, disseram as mesmas fontes.

Também na cimeira da NATO, Joe Biden referiu que os líderes ocidentais lançaram um plano para modernizar a sua dissuasão e defesa há dois anos. “Hoje, temos de nos interrogar: o que vem a seguir? Como podemos continuar a fortalecer a aliança? A resposta deve passar pelo reforço da nossa base industrial.” O líder norte-americano diz que a Rússia adotou uma verdadeira economia de guerra, impulsionando a sua produção de defesa. Moscovo está a “aumentar significativamente” a sua produção de armas, munições e veículos “com a ajuda da China, Coreia do Norte e Irão”, alertou. “Não podemos permitir que a aliança fique para trás. Não seremos ultrapassados. Não podemos ser ultrapassados ​​por ninguém no que diz respeito à nossa prontidão.”

Outras notícias a destacar:

⇒ O novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declarou nesta quarta-feira ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que a posição do Reino Unido sobre a Ucrânia "não mudou". O trabalhista Starmer reuniu-se com o Presidente ucraniano à margem da cimeira da Aliança Atlântica que se realiza em Washington, e cumprimentou Zelensky com um abraço e um aperto de mão. Também afirmou ao líder ucraniano que, no Reino Unido, "houve uma mudança de Governo, mas não uma mudança de abordagem", em referência ao apoio económico e militar que o seu país fornece à Ucrânia.

⇒ A invasão russa da Ucrânia de 2022 acelerou o declínio demográfico e afetará negativamente "por muitas décadas" a estrutura e a dinâmica da população ucraniana, com um declínio entre 21% e 31% até 2052, indica um estudo da nova edição da "Folha de Dados Demográficos Europeus", que é publicada de dois em dois anos. "A guerra na Ucrânia desencadeou provavelmente o maior fluxo migratório na Europa desde a expulsão dos alemães de muitos países após a II Guerra Mundial", explicou Tomás Sobotka, especialista do Instituto de Demografia da Academia Austríaca de Ciências e um dos autores do estudo, numa nota.

⇒ A Ucrânia quer incorporar no seu Exército cidadãos ucranianos em idade para combater que estejam a viver na Europa, criando uma nova unidade, a Legião Ucraniana, que ficará baseada na Polónia, anunciou o ministro da Defesa do país. "Os ucranianos na Polónia e noutros países da União Europeia poderão juntar-se à defesa ucraniana assinando um contrato com as Forças Armadas", disse nas redes sociais o ministro Rustem Umerov.