Em declarações à imprensa, na cidade da Praia, em reação ao índice da Organização Não-Governamental Freedom House, que alerta que a pobreza e a corrupção têm enfraquecido as instituições e contribuíram para disfunções no sistema de justiça, o ministro disse que é um desafio global que deve ser vencido todos os dias.

"Estamos a falar de perceção, tentar criar uma cultura que possa baixar e melhorar essa perceção, mas Cabo Verde é referenciado como um país de liberdade, de democracia, bem governado, com baixo índice de corrupção e nós temos que continuar a trabalhar nesse quesito", apontou Olavo Correia.

Segundo o ministro, o trabalho deve ser feito não só no reforço do quadro legal e do quadro institucional, mas também promovendo a vigilância da parte dos cidadãos e das instituições.

"Para que Cabo Verde possa manter como um Estado reputável pela via daquilo que nós conseguimos fazer no que tange à promoção da transparência e da democracia", afirmou.

"Os desafios são constantes, temos que continuar a trabalhar para que Cabo Verde possa manter como um referencial de notoriedade em matéria de transparência e da boa governação e estamos no bom caminho", completou o também ministro das Finanças.

O índice da Freedom House, divulgado na sexta-feira, coloca ainda Cabo Verde como o país africano considerado mais livre em África, ficando à frente de Portugal no ranking global, com a Guiné Equatorial na pior posição entre os países lusófonos.

"Cabo Verde é uma democracia estável com eleições concorrenciais e transferências periódicas de poder entre partidos rivais; as liberdades civis são genericamente protegidas, mas o acesso à justiça é dificultado por um sistema judicial demasiado burocrático, e o crime continua a ser uma preocupação", escrevem os ativistas na descrição do país, que recebeu uma pontuação de 92 pontos em 100 possíveis.

O ranking analisa todos os países do mundo, e coloca novamente os países nórdicos europeus no topo da lista dos mais livres, como tem sido hábito nos últimos anos.

Ainda sobre Cabo Verde, a ONG aponta que "entre os outros principais problemas estão as persistentes iniquidades para as mulheres e os trabalhadores migrantes", o que não impede o país de ser o mais livre entre os africanos, seguido de São Tomé e Príncipe, com 84 pontos, e do Gana, com 80 pontos.

Sobre o arquipélago lusófono, que mantém a mesma classificação do ano passado, tal como Cabo Verde, a Freedom House escreve que as eleições são regulares e concorrenciais, com "múltiplas transferências de poder" sem problemas.

No ranking dos países lusófonos africanos, depois de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, surgem Moçambique e Guiné-Bissau, ambos com 43 pontos, com Moçambique a manter a pontuação, e a Guiné-Bissau a cair um ponto face ao relatório do ano passado.

No penúltimo lugar dos países africanos lusófonos está Angola, a maior economia lusófona em África e o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana.

A Guiné Equatorial, o mais recente país a entrar para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, está entre as piores posições do ranking, ficando à frente apenas do Sudão do Sul, Eritreia e Saara Ocidental.

RIPE (MBA) // PJA

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