A ideia de fazer um álbum com dedicatórias de amigos pelo aniversário não é especialmente original, mas é daquelas que se guarda com carinho. Em causa estava o 50.º aniversário de de Jeffrey Epstein, o banqueiro norte-americano que morreu em 2019 na prisão, por supostamente se ter suicidado, após ter sido detido e acusado de abuso e exploração sexual de menores. E a autora da ideia foi Ghislaine Maxwell, ex-namorada do banqueiro, condenada em 2021 por tráfico sexual e por ter preparado quatro raparigas menores de idade para serem abusadas sexualmente por Epstein.

Quando se observam os nomes dos envolvidos, a ideia banal começa a ganhar interesse, mas a relevância aumenta quando se conhecem as assinaturas das cartas de parabéns. Em geral, são de familiares e amigos, mas um nome merece destaque: Donald Trump. A revelação foi feita pelo “Wall Street Journal”.

No artigo explica-se que, “de acordo com documentos analisados pelo 'The Wall Street Journal', Maxwell reuniu cartas de Trump e de dezenas de outros associados de Epstein para um álbum de aniversário de 2003”.

O resultado terá sido um álbum encadernado com uma capa de couro e que terá feito parte dos documentos examinados pelos funcionários do Departamento de Justiça que investigaram Epstein e Maxwell. Estes elementos ganham importância porque a relação entre Donald Trump e Jeffrey Epstein voltou a merecer destaque graças a uma acusação de Elon Musk, que disse que o Presidente faz parte dos arquivos do falecido multimilionário - o Presidente norte-americano veio a público afirmar que a alegada proximidade é falsa.

Segundo o jornal, a carta de Trump a Epstein “é obscena”, à semelhança de outras contidas no mesmo álbum. “Contém várias linhas de texto datilografado emolduradas pelo contorno de uma mulher nua, que parece ter sido desenhado à mão com um marcador grosso. Um par de pequenos arcos indica os seios da mulher, e a assinatura do futuro Presidente é um ‘Donald’ rabiscado abaixo da cintura, imitando pelos pubianos”, pode ler-se no texto do jornal norte-americano. E tudo acaba com uma dedicatória amigável: “A carta conclui: ‘Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso’”.

A reação de Donald Trump foi, contudo, taxativa. “Não sou eu. É uma coisa falsa. É uma história falsa do Wall Street Journal”, disse ele. "Nunca pintei um quadro na minha vida. Não desenho mulheres. Não é a minha linguagem. Não são as minhas palavras."

O jornal acrescenta ainda que, no início desta semana, depois de ter solicitado comentários do Presidente sobre a carta, Donald Trump disse aos repórteres que acompanham as atividades da Casa Branca que acreditava que alguns arquivos de Epstein foram "inventados" pelos ex-Presidentes Barack Obama e Joe Biden e pelo ex-diretor do FBI James Comey. E que que a divulgação de quaisquer arquivos de Jeffrey Epstein caberia à Procuradora-Geral Pam Bondi. "O que ela achar crível, ela deve divulgar", afirmou Trump.

A documentação ganhou destaque mediático depois de, em junho, Elon Musk, empresário e ex-apoiante do Presidente norte-americano, ter afirmado que o FBI estava a reter documentos do caso Epstein porque Donald Trump constava dos arquivos. "A verdade virá à tona", escreveu Musk na rede social X, de que é proprietário. A mensagem, contudo, acabou por ser apagada e Musk disse que se arrependia de alguns de seus comentários.