A homenagem ao viola-baixo, que se profissionalizou em 1949, quando o músico e compositor Martinho d'Assunção o convidou a fazer parte do Quarteto Típico de Guitarras, insere-se no âmbito do Festival Guitarra d'Alma, que se iniciou no passado sábado, organizado pelo guitarrista e compositor Custódio Castelo.

Natural de Rosmaninhal, no concelho de Idanha-a-Nova, na Beira Baixa, Joel Pina, filho de um músico, começou a tocar bandolim como autodidata, tendo posteriormente iniciado lições de solfejo. A partir de 1938, já a residir em Lisboa, começou a frequentar as casas de fado, e começa a dedicar-se à viola-baixo.

Numa entrevista à Lusa, o músico recordou que, nessa altura, muitas pessoas do meio do fado se referiam ao instrumento que tocava como "o frigorífico".

Amália Rodrigues (1920-1999) foi dos primeiros fadistas a contratá-lo para a acompanhar nas suas digressões internacionais.

Da fadista guarda "as melhores recordações, quer do ponto de vista profissional, quer humano". "Não há, nem haverá quem a iguale", realçou o músico.

À Lusa recordou também quando a equipa francesa do filme "Les amants du Tage" o foi ouvir e fez questão de que fizesse parte do grupo de acompanhadores da fadista, que fez parte do elenco da longa-metragem de Henri Verneuil.

Na década de 1950, fez parte do núcleo fundador do Conjunto de Guitarras de Raul Nery, que "acompanhou os melhores artistas, de Amália a Tony de Matos, Maria Teresa de Noronha, Tristão da Silva, Fernando Farinha, Fernando Maurício, Max, entre muitos outros, e que foi uma referência no meio fadista e na música portuguesa", disse à Lusa o estudioso de fado Luís de Castro.

"Joel Pina foi dos primeiros viola-baixo no fado e o que mais se destacou até hoje", rematou Luís de Castro.

A homenagem a Joel Pina, que continua a acompanhar os novos fadistas como Ricardo Ribeiro, Margarida Guerreiro, Katia Guerreiro ou Mariza, está marcada para as 21:00, de quinta-feira, no salão nobre da Câmara Municipal de Almeirim.

Além de acompanhador, Joel Pina, de seu nome de registo João Manuel Pina, é também autor de melodias fadistas, nomeadamente "Folha caída", "Madrugada" e "Folha caída".

Em 1992 recebeu a Medalha de Mérito Cultural, em 2005, o Prémio Amália Rodrigues e, em 2010, foi-lhe atribuída a Medalha da Cidade de Lisboa, grau ouro.

Ao longo da carreira acompanhou os mais diversos artistas, como Ercília Costa, Berta Cardoso, Beatriz Ferreira, Manuel de Almeida, Manuel Fernandes, Fernanda Maria, Maria da Fé, Frei Hermano da Câmara, Ada de Castro, João Ferreira-Rosa, Beatriz da Conceição, Teresa Tarouca, António Rocha, Maria Amélia Proença, José Coelho, Celeste Rodrigues, Maria Armanda, Lenita Gentil, Carlos do Carmo, João Braga, entre muitos outros.

NL // MAG

Lusa/Fim