Um 'Grexit' (junção das palavras 'Greece' e 'exit' em inglês) custaria muito caro à Europa, considera Trichet num artigo do jornal diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Não só para os gregos, forçados a viver "uma mudança radical terrível e dolorosa", mas também para os credores que "deveriam renunciar à quase totalidade dos reembolsos", adverte o ex-presidente do BCE.

Contudo, "uma redução da dívida (grega) da parte dos europeus está excluída" nas negociações com Atenas, disse.

Estas declarações de Trichet surgem num dia em que o governo grego submeteu uma última lista de reformas a Bruxelas e a Alemanha parece fazer algumas concessões, continuando a excluir qualquer redução da dívida grega, mas a entreabrir a porta a um "reescalonamento" da mesma.

"O risco de um contágio geopolítico na Europa está a ser subestimado, nomeadamente na Alemanha", adiantou Trichet.

O antigo líder do BCE estima que "a Europa tinha uma responsabilidade histórica de integrar os países do antigo bloco comunista".

No caso de uma saída de Atenas da zona euro, deve-se ter em conta "a proximidade cultural dos gregos com a Ucrânia e a Rússia graças às ligações da religião ortodoxa", precisou.

Desde que chegou ao poder, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tem evidenciado relações calorosas com o presidente Vladimir Putin, nomeadamente nos momentos críticos das negociações entre Atenas e os credores internacionais.

Contudo, Moscovo afirmou sempre que a Grécia não lhe tinha pedido ajuda financeira.

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