"O interesse é proteger o que existe, de natural e de rico, mas também desenvolver o país", disse Mari Alkatiri, presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Ambeno e responsável da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM).

Alkatiri falava num encontro empresarial sobre "investimento em Timor-Leste", organizado por ocasião da atribuição da Confederação Empresarial da CPLP a Timor-Leste e onde participaram empresários e responsáveis de vários países lusófonos, em Díli.

Na sua intervenção Alkatiri disse que no enclave já estão a decorrer seis grandes projetos e vários outros projetos de menor dimensão, entre eles "a maior ponte de Timor-Leste", sobre a ribeira de Tono, o Aeroporto Internacional do enclave e uma central elétrica.

Dezenas de quilómetros de estradas, complexos residenciais, uma barragem de irrigação e um monumento para a celebração dos 500 anos da chegada de navegadores e missionários portugueses estão também já em execução.

O ex-primeiro ministro disse que o projeto está a suscitar amplo interesse de investidores internacionais - incluindo de empresários brasileiros para a importação, produção e distribuição de carne a nível da região.

Para garantir que os investimentos se materializam, Alkatiri defendeu alterações à lei de investimento e à legislação tributária, com capítulos específicos que reconheçam a natureza específica da região administrativa.

Alkatiri disse que em todos os projetos se está a procurar conseguir que haja sempre parceiros ou sócios timorenses, inclusive para o fornecimento de bens e serviços.

Parceiros, insistiu, que não devem ser "apenas comissionistas" e devem procurar aprender com a sua parceria internacional.

Questionado sobre a posição geográfica do enclave e as negociações com a Indonésia para colmatar essa dificuldade, Alkatiri disse que o projeto de Oe-cusse quer "facilitar a integração regional".

"A melhor forma de retirar o estatuto de enclave ao enclave é desenvolvê-lo como plataforma de desenvolvimento regional", disse.

Considerando que esta são questões do relacionamento entre os Governo timorense e indonésio, Alkatiri disse que já há alguns avanços práticos, dando como exemplo a eletricidade.

Estão já avançadas negociações com a Indonésia, disse, para uma ligação elétrica do enclave ao resto de Timor-Leste, com a metade indonésia da ilha a mostrar interesse em comprar 60MW/hora.

"Permite a conexão elétrica a Oe-cusse e ajuda a resolver o problema do excesso de produção de Timor-Leste", afirmou.

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