Joana Carneiro, em declarações à Lusa, fez um "balanço positivo" do seu primeiro ano à frente da Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP), mas reconheceu dificuldades, devido à instabilidade quanto ao lugar de diretor artístico, primeiro assumido por Paolo Pinamonti, com quem trabalhou na temporada passada, e desde maio último com Patrick Dickie, como programador convidado.

"É evidente que esta instabilidade não tem sido muito boa, um teatro precisa de um diretor artístico em permanência. A saída do Paolo Pinamonti criou um vazio grande, em termos da programação e da visão artística do teatro. Apesar de não ser um diretor artístico em permanência, era a pessoa com quem eu trabalhava, muito diretamente, e criou um vazio em termos dessa programação. Houve momentos difíceis, não em termos da execução musical, mas da gestão, e principalmente quando se quer criar uma visão artística a longo prazo para o teatro", afirmou Joana Carneiro.

"Aquilo que é importante para o nosso público é que tenhamos uma produção continuada, anunciada a tempo, e que o público venha e se sinta feliz por estar na nossa casa", acrescentou.

Nesta temporada, o S. Carlos apresenta duas produções líricas próprias - a ópera "Dialogues des Carmélites", de Poulenc, encenada por Luís Miguel Cintra, e "Iphigénie en Tauride", de Gluck, com encenaçãode David Bates - e a estreia de "Canto da Europa", de Nuno Maló, com libreto de Jacinto Lucas Pires.

Na programação sinfónica estreiam-se duas peças de compositores portugueses, uma de Pedro Faria Gomes, ainda sem título, no concerto de 14 de fevereiro próximo, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, e "Incipit", de Luís Tinoco, que é tocada, também no CCB, no dia 15 de maio.

A programação lírica, que envolve seis dramas, o "Canto da Europa", o Requiem de Verdi e perto de 30 récitas, abre no dia 20 de outubro, com "Madama Butterfly", de Puccini, sob a direção musical de Domenico Longo e encenação de Tim Albery, numa produçaõ da Opera North, de Inglaterra, e a sinfónica abre no dia 27 de setembro, no grande auditório do CCB, com Joana Carneiro a dirigir a Sinfonia n.º 7 em mi menor, de Mahler.

Este ano, a OSP atua várias vezes no CCB - um espaço em que se sente mais à vontade, como referiu a maestrina -, também no Nacional D. Maria II, em Lisboa, na apresentação de "Canto da Europa", em janeiro, e na Casa da Música, no Porto, em maio.

"Esta temporada é um crescimento relativamente à anterior, de 2014/15. Vamos criando cada vez mais relações com músicos, compositores, solistas, que vêm fazer residências, e isto vai muito ao encontro da visão artística que tenho de uma instituição", afirmou.

Uma das residências artísticas desta temporada é da soprano Elisabete Matos, que protagonizará o concerto de Ano Novo, no dia 03 de janeiro próximo, no TNSC, e a ópera "Nabucco", de Verdi, que estreia no dia 09 de junho, no TNSC, no âmbito da qual fará uma "masterclass".

Outra residência artística é do violoncelista Johannes Moser, solista do concerto da OSP no dia 14 de fevereiro, que dará também uma "masterclass".

A maestrina disse que, nesta temporada, a sua presença é "mais assídua", na direção da OSP, prevendo dirigir seis concertos sinfónicos, a estreia de "O Canto da Europa", e ainda a ópera "A flowering tree", de John Adams, no CCB, em abril.

A OSP, sob a direção de Pedro Carneiro, interpreta ainda o bailado "A bela adormecida", que é apresentado em dezembro, no TNSC, e na estreia do bailado "Carnaval", sob direção de Cesário Costa.

A composição deste bailado, descrito como "uma fantasia a partir de 'O Carnaval dos animais', de Saint-Saens" inclui peças de vários compositores portugueses, como Mário Laginha, Carlos Caires, Carlos Marecos, Nuno Côrte-Real, João Madureira e António Pinho Vargas, além de música do compositor francês.

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