Na última quarta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu mais 15 dias para que o Governo envie novas explicações sobre as contas de 2014, nas quais a Presidência é suspeita de obter empréstimos irregulares de bancos públicos.

O parecer do tribunal, agora, está previsto para setembro.

A professora de Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos (interior de São Paulo), Maria do Socorro Souza Braga, realçou à Lusa que ao adiamento do parecer se soma o acordo entre o Governo e o Senado, sobre a votação de projetos da chamada Agenda Brasil.

Após o parecer do TCU, as contas de Rousseff serão julgadas pelo Congresso Nacional, que junta senadores e deputados, e o apoio no Senado pode ajudar Rousseff.

A rejeição das contas de 2014 é uma das hipóteses que pode gerar um processo de impugnação do mandato de Rousseff.

A outra, que também envolve a cassação do vice-Presidente, é a instalação de uma investigação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre doações irregulares e fraude na campanha política do ano passado, pedida pelo partido de oposição, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Na última semana, uma magistrada pediu mais tempo para analisá-lo, e a decisão sobre o andamento ou não do processo foi adiada.

"A situação atual fez a tese do 'impeachment' refluir em relação ao início de agosto, mas pode ser temporário", afirmou também à Lusa David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília.

Fleischer realçou que a renúncia por parte de Rousseff é "pouco provável", devido à personalidade da Presidente, mas que os rumos da crise política brasileira são "imprevisíveis" porque dependem das próximas revelações da Operação Lava Jato, que investiga crimes ocorridos na Petrobras.

"É muito difícil alocar níveis de probabilidade, devido à indefinição, mas, no geral, a chance de Dilma Rousseff não terminar o atual mandato é de 50%", estimou Fleischer.

Maria do Socorro Souza Braga afirmou que, até o momento, há suspeitas partidárias, mas não provas judiciais concretas que possam causar a impugnação de Rousseff, mas também apontou um protagonismo às investigações da Lava Jato.

"Temos de esperar para ver se aparecem provas concretas contra um político ligado ao Governo ou da oposição, o que mudaria o cenário", disse.

A politóloga realçou que as atuais suspeitas de suborno para o PSDB, que envolvem o último candidato do partido à Presidência, Aécio Neves, enfraquecem a oposição nos pedidos de "impeachment" de Rousseff e na capacidade de mobilização do eleitorado descontente.

Fleischer apontou que outra hipótese de atuação da oposição é deixar o Governo de Rousseff e do Partido dos Trabalhadores desgastar-se no atual mandato para derrotá-lo nas próximas eleições.

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