"Portugal aparece em Washington de uma forma inequívoca e relevante. Essa relevância vai ter de ser aproveitada para o futuro", defendeu o secretário de Estado da Cultura do Governo português, Jorge Barreto Xavier, em entrevista à agência Lusa.

Jorge Barreto Xavier considera a mostra ibéria, que hoje abre em Washington, "a maior representação de arte contemporânea portuguesa alguma vez feita nos Estados Unidos", "sem exagero".

"Não sei se alguma vez foi apresentada alguma desta dimensão, mas creio que não", disse Jorge Barreto Xavier, à agência Lusa.

Durante três semanas, de hoje até 24 de março, o Kennedy Center vai acolher uma mostra cultural intitulada "Iberian Suite: Arts Remix Across Continents", um evento de divulgação da cultura de Portugal e de Espanha, que contará com a participação de artistas da lusofonia e da América Latina.

Barreto Xavier, em entrevista à Lusa, defende que o festival "é, de facto, um cartão-de-visita muito relevante" para Portugal, mas vai além de uma ação de 'marketing' para a economia do país.

"Não é simplesmente dizer que estamos a vender Portugal através de cultura. Isso é redutor. Não é por causa disso que estamos a fazer este trabalho. Estamos a faze-lo para afirmar a cultura portuguesa e sabemos que a melhor maneira de o fazer é não pensar na cultura como algo de instrumental, mas como algo substantivo, que vale por si própria", disse.

O embaixador de Portugal em Washington, Nuno Brito, explicou que o festival tem três objetivos principais.

"Por um lado, é cultural, vamos ter mais de uma centena de artistas portugueses envolvidos a mostrar que Portugal é um pais criativo; o segundo objetivo é de diplomacia económica - vamos aproveitar para dar a conhecer o país e alguns produtos que vão estar à venda na loja do Kennedy Center; o terceiro, e talvez o mais importante, é a imagem: mostrar que Portugal é um pais que atravessou dificuldades, mas que, apesar disso, é um pais europeu, moderno e vibrante", disse o diplomata à Lusa.

A programação é da responsabilidade da instituição norte-americana, o Kennedy Center, mas o Governo português trabalhou em conjunto, acompanhando as muitas delegações que visitaram Lisboa e Porto, apresentando artistas e marcando encontros com outros agentes culturais. Entre empresas, patrocinadoras e Estado, o país também contribuiu com perto de meio milhão de euros.

"Trabalhámos muito e [muito] próximos. Considerando que o Kennedy Center é um dos dispositivos de maior relevo na legitimação de arte nos Estados Unidos, fazia todo o sentido ter uma presença significativa", explicou Barreto Xavier.

O extenso programa, que vai da literatura à dança, do teatro às artes plásticas e à música, inclui aristas como o fadista Camané, o artista urbano Alexandre Farto - Vhils, a companhia de teatro Mundo Perfeito e o escritor Gonçalo M. Tavares.

Barreto Xavier acredita que esta programação "pode contribuir, de uma forma muito relevante, para a promoção internacional das artes portuguesas, porque os Estados Unidos são um dos territórios onde a legitimação do circuito artístico é mais importante para a sua visibilidade a nível global."

Portugal surge nesta mostra ao lado de Espanha, que será representada na inauguração pelo rei Filipe VI.

Além de artistas e autores da Península, a mostra inclui ainda cerca de 600 artistas de 23 países e cinco continentes, representando a influência ibérica em todo o mundo.

O secretário de Estado português acredita que este tipo de representação, a par dos países de expressão portuguesa e de Espanha, beneficia Portugal.

"Só nos favorece. Estamos a falar da equipa com quem temos de jogar a nível global. São os dois blocos que, em termos regionais, nos distinguem e tornam competitivos", defendeu Barreto Xavier.

O representante acredita que estes grupos são "aquilo que afirma a nossa identidade própria de uma forma mais clara" e que "representa um dos ativos mais fortes que Portugal pode jogar na cena internacional."

Durante esta visita, Barreto Xavier vai ainda manter uma série de encontros em Washington e Nova Iorque. Do seu programa constam reuniões com a diretora da Phillips Collection, Dorothy Kosinski, o secretário de Estado da Cultura de Espanha, José María Lassalle, o administrador executivo do Newseum, o diretor do Arquivo Internacional do United States Holocaust Memorial Museum e com o comissário para a Cultura de Nova Iorque.

"São primeiros encontros, que visam contribuir para abrir e desenvolver portas para as pontes culturais com os Estados Únidos", explicou o secretário de Estado da Cultura, acrescentando que, desta série de contactos, ainda não existe nenhuma iniciativa para anunciar.

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