De acordo com o African Economic Outlook, divulgado hoje pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) na sua 50.ª reunião, na capital da Costa do Marfim, Abidjan, "a economia de Angola vai sofrer com os significativamente mais baixos preços do petróleo, com o crescimento do Produto Interno Bruto a desacelerar para 3,8% em 2015 e 4,2% em 2016, abaixo dos 4,5% registados em 2014".

As reformas estruturais são, assim, "imperativas" para garantir um "desenvolvimento equitativo no futuro", e é necessário melhorar a gestão das receitas do setor petrolífero para assegurar a inclusão e criar poupanças para as gerações futuras, lê-se nas 14 páginas dedicadas especificamente a Angola, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana.

Apesar da descida dos preços do petróleo e do efeito na economia, as políticas macroeconómicas adequadas ajudaram a garantir um crescimento económico de 4,5% no ano passado, o que já era um abrandamento face aos 6,8% de 2013, lembra o documento.

Segundo o relatório, "o crescimento e o desenvolvimento transversais estão constrangidos pelo ambiente de negócios adversos, inadequada governança e transparência dos recursos públicos, falta de qualidade e de manutenção na infraestrutura física, qualidade limitada dos recursos humanos, fraco crescimento da agricultura, insuficiente preocupação dos serviços públicos com os mais pobres, e dificuldades na gestão dos recursos do setor petrolífero para a criação de poupanças para o futuro".

As pressões sociais estão a aumentar devido ao aumento do desemprego, que o BAD estima estar nos 26%, e por isso as reformas estruturais são "imperativas" para acelerar a diversificação económica, reduzir a dependência dos recursos naturais, aumentar a produtividade, melhorar a alocação de recursos e criar as condições para uma aceleração da taxa de crescimento económico e do desenvolvimento equitativo".

As economias africanas deverão abrandar o crescimento, este ano, para 4,5% e poderão acelerar para 5% no próximo ano, prevê o BAD.

"Apesar da crise financeira global, as economias africanas crescerão 4.5% em 2015 e poderão atingir 5% em 2016, ultrapassando a maioria das regiões e convergindo com as atuais taxas de crescimento na Ásia; no entanto, a queda dos preços do petróleo e das matérias-primas, as consequências do surto de Ébola na África Ocidental e as incertezas políticas internas poderão atrasar o esperado retorno a níveis de crescimento similares aos verificados antes de 2008", lê-se no African Economic Outlook.

O documento prevê que a população africana triplique até 2050, argumentando que, por isso, "a modernização das economias locais será crucial para aumentar a competitividade do continente e melhorar as condições de vida da sua população".

MBA // VM

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