Em entrevista à Lusa à margem do II Fórum do Banco Central Europeu, que decorreu na semana passada em Sintra, o economista cipriota e britânico afirmou que, "olhando para a situação do ponto de vista estritamente económico, é claro que se devia estar a fazer mais investimento em infraestruturas e a criar mais empregos e, dessa forma, sair da recessão".

No entanto, o economista lembra que Portugal "tem a 'troika' e, mesmo que já tenha concluído o programa, ainda há instituições a olhar para o que Portugal está a fazer e se [o país] tiver défices orçamentais, essas instituições não vão ficar muito felizes com isso".

Para o economista laureado com o prémio Nobel da Economia em 2010, é preciso ter presente que a dívida foi criada por uma série de razões, incluindo má supervisão bancária e especulação e que cabe aos decisores políticos tomarem uma decisão em relação ao excesso de endividamento.

"Não digam só que Portugal tem 130% [de dívida pública] e que a Grécia tem mais de 170% e não os deixem afundar em pobreza e ausência de criação de emprego, porque estes países não se podem dar ao luxo de investir, não é assim que se faz", argumentou.

Questionado sobre se a economia portuguesa pode ser vista como um caso de sucesso na Europa, Pissarides afirmou que "é um sucesso [o país] ter acesso ao mercado e as taxas de juros estarem a cair", mas alertou para o resultado do programa de resgate: Portugal "ficou com uma dívida muito elevada, que tem de ser gerida".

Por isso, para Christopher Pissarides, "pode dizer-se que Portugal foi um sucesso dentro do enquadramento que lhe foi dado pela 'troika' (...) mas em alguns casos foi o enquadramento errado".

O economista diz ainda que Portugal "precisa de se reformar e de tornar a economia mais flexível".

Christopher Antoniou Pissarides é um economista nascido em Nicósia, em Chipre, e atualmente é professor na London School of Economics, na capital do Reino Unido. A sua investigação abrange várias áreas da economia, nomeadamente trabalho, crescimento económico e políticas públicas.

Em 2010, foi laureado com o Prémio Nobel da Economia, juntamente com Peter A. Diamond e com Dale Mortensen.

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