"Esses pilotos que estão com esse receio e que têm esse problema emocional e psicológico é melhor não virem ao rali dos Açores. O pior que pode acontecer é uma pessoa partir para uma prova com a predisposição de que vai ter um acidente", disse à agência Lusa Francisco Coelho.

Em causa está um comunicado assinado por oito pilotos em que estes afirmam que os três quilómetros iniciais de uma parte do percurso do rali, o troço das Sete Cidades, "são rodeados por um precipício, onde poderão acontecer fatalidades".

Em resposta ao alerta desses pilotos, Francisco Coelho esclareceu que o rali tem um traçado e um plano de segurança aprovado pela Federação Internacional do Automóvel (FIA) e que ainda na terça-feira alguns troços foram visitados por representantes das entidades responsáveis pela organização da prova.

Os pilotos que assinam o comunicado, Alexandre Ramos, Carlos Martins, Diogo Salvi, Gil Antunes, João Correia, Luís Mota, Paulo Babo e Ricardo Teodósio, lembram, no comunicado, que aquele troço de três quilómetros esteve vários anos sem ser utilizado devido "às deficitárias condições de segurança".

"O troço das Sete Cidades faz-se há 40 anos e tem a perigosidade de outros troços de outros ralis. Os ralis são feitos assim", referiu o responsável, acrescentando que foram tomadas mediadas adicionais de segurança para este ano.

A organização adotou medidas de segurança específicas para o dito trajeto com o recurso à colocação -- dada a impossibilidade de fixar `rails´ por se tratar de uma zona ambientalmente protegida -, de 60 fardos de palha de 600 quilogramas.

"Foram tomadas uma série de medidas, como o estreitamento do troço, e o percurso do rali foi analisado por observadores internacionais da FIA e nunca houve qualquer tipo de reação em relação a isso", sustentou o responsável, recordando que o rali dos Açores "faz parte de calendários mundialmente reconhecidos".

Ainda de acordo com Francisco Coelho, que é igualmente presidente do Grupo Desportivo Comercial (GDC), a preocupação existe e está latente em todos os ralis. "Desde que há um rali, em qualquer troço, e não é só neste específico, há sempre preocupação".

"São homens, são máquinas e estão a correr a alta velocidade. Não é um desporto radical, mas é um desporto que se faz em todo o mundo e nunca foi posto em causa pelas entidades que fazem a avaliação técnica", acrescentou Francisco Coelho.

Em relação ao comunicado concreto difundido hoje pelo grupo de pilotos, que Francisco Coelho afirma estar em crer que nem sequer estão inscritos, tanto quanto sabe, o dirigente não tomou ainda uma decisão sobre se irá responder ou não.

"Nós não temos muito a responder a isso (comunicado dos pilotos) e acho que nem vamos responder. Estamos tranquilos, logicamente que, tal como andar de carro na autoestrada, a gente também se pode despistar, sem saber muito bem como", disse.

A 50.ª edição do Sata Rallye Açores decorre de 04 a 06 de junho, na ilha de São Miguel, com um percurso de 226 quilómetros, distribuídos por 17 provas especiais de classificação (PEC), e integra o calendário do Campeonato Europeu de Ralis (ERC).

"Esses pilotos que estão com esse receio e que tem esse problema emocional e psicológico é melhor não virem ao rali dos Açores. O pior que pode acontecer é uma pessoa partir para alguma coisa com a predisposição de que vai ter um acidente", reafirmou.

APS (DD/TYM) // VR

Lusa/fim