"O guia mostra uma janela de oportunidades para o desenvolvimento sustentável que a Guiné-Bissau, com uma beleza natural completamente fora do comum, pode permitir através do turismo, mas também a grande diversidade do país com um mosaico de etnias, mais de 20, numa população de 1,5 milhões de pessoas", afirmou Joana Benzinho.

A responsável explicou que a primeira vez que foi ao país, como turista, em 2008, deparou-se com a ausência deste tipo de apoio.

"Posteriormente, quando começaram as missões humanitárias, constatámos o enorme potencial turístico do país e a ideia foi amadurecendo", adiantou Joana Benzinho, referindo que o objetivo foi criar um guia quer para os estrangeiros que visitam a Guiné-Bissau, como para os seus habitantes que "têm, por questões financeiras e constrangimentos geográficos, um desconhecimento enorme do seu país".

No início deste ano, a ONG manifestou junto da Delegação da União Europeia na Guiné-Bissau o desejo de desenvolver o trabalho, tendo recebido o financiamento desta entidade, a que se somou o apoio técnico da Secretaria de Estado do Turismo do país.

O guia revisita a história do país, os seus locais mais importantes, culturais e ambientais, as tradições e diversidade étnica, destacando o turismo solidário e ecoturismo.

Joana Benzinho exemplificou com o Parque Natural das Lagoas de Cufada, "a maior reserva de água doce da Guiné-Bissau", com "89.000 hectares compostos de floresta primária e três lagoas de água doce" com uma grande diversidade de fauna e flora, e uma "beleza imperdível".

A responsável apontou, ainda, o arquipélago dos Bijagós, que obteve estatuto de reserva ecológica da biosfera da Unesco em 1996.

"A ilha de Orango tem a particularidade de ser a casa de uma comunidade de cerca de 140 hipopótamos marinhos que vivem entre a lagoa no interior da ilha e as águas salgadas do oceano que banha Orango", enquanto a ilha de Poilão é "o terceiro sitio a nível mundial escolhido pelas tartarugas marinhas para desova" e é, "igualmente uma ilha sagrada e protegida pelos espíritos segundo uma lenda Bijagó", assinalou Joana Benzinho.

A primeira edição do guia, em Português, tem dois mil exemplares, perspetivando-se uma edição em Inglês.

Este é o primeiro projeto direcionado para o turismo da Afetos com Letras, ONG que começou a trabalhar há seis anos na Guiné-Bissau, onde já realizou 15 missões solidárias que levaram ao país mais de 80 voluntários.

No país, a ONG tem, entre outros, um programa de apadrinhamento de turmas que apoia centenas de crianças e cofinanciou a construção de duas creches que, atualmente, contam com cerca de 200 crianças, além de ter erguido uma escola que acolhe 310 alunos.

A Afetos com Letras paga ainda o salário de 12 professores, fornece material didático, manuais escolares, alimentação e cuidados de saúde básicos nas escolas que apoia, tendo desenvolvido uma biblioteca pública com 12.000 livros na capital e arcas-biblioteca em três ilhas do arquipélago Bijagós.

Nestes seis anos, a ONG conseguiu também levar mais de oito toneladas de medicamentos doados e entregou material médico hospitalar, instalou um consultório oftalmológico, tendo oferecido uma descascadora de arroz -- outra vai a caminho --, além de vários contentores com ajuda humanitária.

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