"Os desequilíbrios limitam fortemente o potencial de crescimento da economia cabo-verdiana que passou de cerca de 7% em 2008 para cerca de 3% apenas, atualmente", notou o vice-presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Olavo Correia, em conferência de imprensa para falar dos desequilíbrios macroeconómicos, redução do potencial de crescimento e aumento do desemprego (próximo dos 16%) e do desemprego jovem (mais de 40%).

Segundo o dirigente partidário, entre os desequilíbrios macroeconómicos está a "elevada dívida pública" - que para o partido está acima dos 120% do PIB, mas segundo dados governamentais situar-se-á nos 112,7% do PIB este ano - défice orçamental acima dos dois dígitos - estimativas do Governo na ordem dos 8% a 9% - e aumento da despesa pública.

"Ninguém está hoje disponível para financiar este modelo, que está falido e esgotado", alertou Olavo Correia, referindo-se ao "modelo keynesiano", ancorado no aumento da procura interna pela vida da despesa pública, que diz, não produz crescimento económico.

Olavo Correia lembrou que nos últimos seis anos Cabo Verde cresceu em média 1%, taxa inferior à de crescimento médio da população cabo-verdiana e "muito inferior" ao crescimento da África subsaariana (5%), da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) (7%) e dos pequenos Estados insulares (5%).

"Cabo Verde está assim no grupo dos países mais lentos do mundo em matéria de crescimento económico", criticou, dizendo que as estimativas de crescimento de 2,7% em 2014 apresentadas na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) são apenas "fotografia do momento" e a tendência dos últimos seis anos aponta para "estagnação da economia".

O vice-presidente do MpD voltou, por isso, a pedir ao Governo para realizar "reformas estruturais" nos mais variados setores de atividades, bem como aposta no turismo, incentivos às empresas, no melhoramento dos transportes marítimos, descentralização e regionalização, criação de um bom ambiente de negócios e captação de Investimento Direto Estrangeiro (IDE).

"Este Governo perdeu toda e qualquer capacidade reformista", lamentou Olavo Correia, que não respondeu em concreto se acredita que o Governo de José Maria Neves ainda poderá empreender algumas das reformas a menos de um ano das eleições legislativas, marcadas para o primeiro trimestre de 2015.

"Caberá aos cabo-verdianos decidirem se querem continuar com este modelo ou se querem mudar de modelo", salientou, defendendo um "modelo neoclássico", que aposta na oferta, nas empresas, na eficiência, na produtividade, na produção e na exportação de bens e serviços.

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