Na segunda-feira, durante o debate setorial das Linhas de Ação Governativa, o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, anunciou que o Executivo quer anular "as restrições preliminares quanto à exploração de atividades em yuan, prestando apoio a instituições financeiras na sua expansão no exterior".

Sem mais explicações avançadas pelo secretário, o economista Albano Martins considera que o anúncio indica que o Governo deseja "que o yuan circule livremente em Macau".

Apesar de a moeda de Macau ser a pataca, o dólar de Hong Kong é também aceite oficialmente. Alguns estabelecimentos aceitam o yuan chinês mas a situação não está devidamente regulamentada, com algumas lojas a fazer equivaler uma pataca a um yuan, apesar de o yuan valer cerca de 30% mais.

"[Deste modo,] o yuan passa a comprar em Macau como compra a pataca, passa a ser uma moeda local", interpreta o economista.

Albano Martins alerta para o perigo de a medida ser "um tiro no escuro" e poder levar à perda "de controlo sob a massa monetária", mas admite que "cria mais negócios" por deixar de ser necessário fazer conversões.

Além disso, o economista considera que o caminho traçado pelo secretário é inevitável: "Mais cedo ou mais tarde o yuan vai arrumar a pataca, vai deixar de ser moeda de grande circulação. O fim da pataca vai acontecer com a integração".

Na prática, salienta, sendo a moeda chinesa já aceite em vários estabelecimentos, a regulamentação pode ajudar a "pôr tudo a claro".

Opinião semelhante tem José Sales Marques, para quem a medida anunciada por Lionel Leong significa que "o Governo quer uma maior utilização do yuan" em Macau.

Para o economista, é uma política que "faz todo o sentido", já que até os locais "pensam em aplicar as poupanças em moeda chinesa".

"O yuan é cada vez mais internacional, muitos países já fazem comércio em moeda chinesa, não precisam de recorrer ao dólar", salienta.

No entanto, é preciso garantir que o mercado é regulado: "Nas lojas há pequenos avisos a dizer que o câmbio é de um para um, isto é uma exploração, tem de ser regulado".

Para Sales Marques, este é um passo em frente para um cenário futuro em que "a pataca passará a ser uma moeda cada vez mais simbólica".

A Lei Básica estipula que a pataca é "a moeda de curso legal" na Região Administrativa Especial de Macau.

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