Apesar de estar já marcada uma discussão a nível técnico, que inclui representantes de cada país da zona euro, segundo disse à Lusa fonte oficial do Conselho Europeu, não está ainda prevista uma reunião dos ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo), que tem o poder de desbloquear ajuda financeira à Grécia quando o país se defronta com uma grave crise de liquidez.

Este encontro do Eurogrupo poderá vir a acontecer na próxima semana, mas para isso é preciso que se chegue, entretanto, a uma lista de reformas a implementar que, segundo disse hoje o porta-voz da Comissão Europeia, tem de ser tanto "credível como ampla".

No sábado, responsáveis da Grécia e da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional e do Mecanismo Europeu de Estabilidade -- o denominado Grupo de Bruxelas - começaram a analisar um primeiro rascunho da lista de reformas enviada por Atenas que, segundo as informações divulgadas pela imprensa, deverão resultar num aumento das receitas, de cerca de 3000 milhões de euros, num excedente orçamental primário - sem pagamento de juros - de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 3% anteriormente definidos, e num crescimento económico de 1,4% do PIB este ano.

No entanto, as discussões continuam difíceis, com fortes divergências entre os dois lados. Os credores insistem em medidas mais detalhadas e mesmo mais duras, enquanto o Governo grego, liderado pelo partido de esquerda Syriza, tem repetido que se comprometeu a não tomar medidas recessivas.

O porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, disse hoje em conferência de imprensa que as discussões que decorrem desde sexta-feira são "construtivas", mas acrescentou que é ainda necessário fazer mais trabalho, sendo necessário inclusivamente recolher mais dados, o que será feito pelas equipas que estão a trabalhar em Atenas.

A Grécia tem cada vez mais necessidade de assistência financeira para evitar uma situação de incumprimento, o que poderá acontecer ainda durante o mês de abril.

Além do desbloqueio de parte dos fundos da última fatia do programa de resgate (de 7,2 mil milhões de euros), os ministros da zona euro têm também em seu poder a decisão sobre os 1.900 milhões de euros que Atenas reclama de lucros feitos pelos bancos centrais da zona euro com títulos soberanos gregos.

Os cofres públicos helénicos têm ainda visto agravados os seus problemas de liquidez porque o país está limitado a apenas poder emitir até 15 mil milhões de euros em bilhetes do tesouro.

As autoridades gregas têm sido ainda muito críticas da atuação do Banco Central Europeu, que impôs que os bancos só possam recorrer à linha de emergência a um preço mais elevado do que o financiamento normal, e enviou recomendações aos bancos para que não comprem mais dívida pública do país.

A Grécia tem de amortizar 15,5 mil milhões de euros em dívida aos seus credores até agosto, sendo que já na próxima semana tem de pagar 450 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional. Isto além das despesas correntes normais, como salários e pensões.

A 08 de abril, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, vai à Rússia numa visita que pode tornar-se incómoda para os parceiros europeus. Há sobretudo a questão de saber se o Governo grego vai pedir ajuda financeira a Moscovo.

A 20 de fevereiro, um acordo alcançado no Eurogrupo permitiu estender o segundo programa de resgate à Grécia por quatro meses, até final de junho.

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