A notícia está a ser hoje avançada pelo jornal norte-americano Wall Street Journal, que refere que "Atenas confirmou que não vai conseguir fazer a devolução do empréstimo ao FMI devido na terça-feira".

Depois de o Eurogrupo ter recusado prolongar o programa de assistência financeira da Grécia, este vai mesmo terminar na terça-feira, o dia em que acaba também o prazo para Atenas reembolsar quase 1.600 milhões de euros ao Fundo.

Depois de várias reuniões entre credores e as autoridades gregas, prevaleceu o impasse e, na sexta-feira, a crise que opõe o Governo grego aos credores internacionais (Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu) assumiu um rumo inédito: o primeiro-ministro grego anunciou a convocação de um referendo para 05 de julho sobre o programa apresentado pelos credores para desbloquear ajuda financeira ao país.

No domingo, o governo grego fez outro anúncio importante: os bancos vão permanecer encerrados até dia 07 e a bolsa de Atenas também estará encerrada, uma decisão que agitou as bolsas mundiais.

No dia seguinte, os dirigentes europeus lançaram uma campanha pelo 'sim' tentando convencer os gregos a não recusarem o euro, numa altura em que o país teve de encerrar os bancos.

"Um 'não' quer dizer que a Grécia diz 'não' à Europa", afirmou em Bruxelas o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que deixou críticas ao governo grego liderado por Alexis Tsipras e disse sentir-se "traído" pela Grécia. "Vou pedir aos gregos para votarem 'sim'", disse, reforçando que os gregos "devem dizer 'sim' à Europa.

Também o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, reiterou que, "a porta ainda está aberta" do lado de Bruxelas, sugerindo que é possível evitar a saída da Grécia do euro.

Pelo 'não' levantaram-se igualmente algumas vozes de relevo: os economistas Paul Krugman e Joseph Stiglitz, ambos distinguidos com o prémio Nobel, assinaram artigos de opinião em que defenderam que os gregos devem votar "não" no referendo, considerando que, sem mais medidas de austeridade, podem ter esperança no futuro.

No artigo de opinião de hoje no The New York Times, Paul Krugman escreve que "a Grécia deve votar 'não' e o Governo grego deve estar preparado, se necessário, para sair do euro", argumentando que é verdade que o executivo grego "estava a gastar acima das suas possibilidades no final dos anos 2000" mas que "desde então cortou repetidamente a despesa e aumentou impostos".

Joseph Stiglitz, por seu lado, reconhece num artigo publicado no The Guardian que "nenhuma alternativa - aprovação ou rejeição dos termos da 'troika' - vai ser fácil e ambas implicam riscos" e sublinha que, se ganhar o "sim", isso vai significar "uma depressão quase sem fim".

O economista entende que, se o "não" ganhar, "os gregos podem ganhar a oportunidade de desenhar um futuro que, ainda que não seja tão próspero como no passado, é de longe mais esperançoso do que a tortura sem consciência do presente".

ND/EO // ATR

Lusa/fim