Luís Neto Viveiros, que falava na sessão de abertura das jornadas agrícolas da Praia da Vitória, na ilha Terceira, referiu que a iniciativa, desenhada em parceria com a Federação Agrícola dos Açores, prevê uma compensação financeira aos produtores de leite de vaca da região que se comprometam a abandonar a produção de leite.

"Estimamos permitir a saída da atividade, de forma digna, a cerca de 200 empresários agrícolas, concorrendo, em simultâneo, para o redimensionamento das explorações, para o seu emparcelamento e para a continuidade do rejuvenescimento do tecido empresarial agrícola", declarou o governante.

O titular da pasta da Agricultura prevê que no caso específico da Terceira a medida permita retirar 60 produtores, que totalizam no seu conjunto, cerca de seis milhões de litros de leite.

O secretário regional explicou que produtores poderão reconverter as suas explorações para outras atividades, contribuindo-se assim, para atenuar os impactos negativos com que a ilha se confronta face às limitações de produção impostas pela indústria.

Luís Neto Viveiros revelou ainda que, também no próximo Conselho de Governo, será analisada a terceira proposta do Sistema de Apoio Financeiro à Agricultura da Região Autónoma dos Açores (SAFIAGRI III), que também foi desenhada em cooperação com a Federação Agrícola dos Açores e terá um volume de empréstimos de cerca de 80 milhões de euros.

"Assim, os agricultores açorianos vão poder contar com um programa de apoio ao financiamento das explorações agrícolas, que prevê a comparticipação pública em 30% dos encargos financeiros bancários associados a empréstimos contraídos para a realização de investimentos. Atenuaremos, assim, os encargos mensais das explorações agrícolas, especialmente das agropecuárias, numa altura em que os rendimentos baixaram", afirmou Luís Neto Viveiros.

O membro do executivo açoriano deixou a mensagem que o preço do leite ao produtor "não pode continuar a descer e, para isso, é preciso que este problema, que é um problema europeu, tenha uma solução europeia".

"Afirmei-o e reafirmo: o setor preparou-se nos Açores para a liberalização num cenário de normal funcionamento dos mercados, mas ninguém, em toda a Europa, estava preparado para esta 'tempestade perfeita' criada por uma conjugação de acontecimentos inesperados. Além de que liberalização não pode, no nosso entender, ser sinónimo de desregulação", disse.

Luís Neto Viveiros vai participar a 14 de março, em Bruxelas, no Conselho de Ministros Europeus da Agricultura, a convite do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, o que revela, na sua leitura, um "respeito pela autonomia e pela importância da fileira do leite" nos Açores.

JYAM // CC

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