"Avaliando os níveis de desembolso para o subsídio de pão que o Governo vinha fazendo desde 2010 e a desvalorização acentuada que o metical está a sofrer face ao dólar, mostrou-se insustentável manter os níveis de subsídio anteriores", afirmou o inspetor-geral das Atividades Económicas no Ministério da Indústria e Comércio, José Rodolfo, em conferência de imprensa.

Rodolfo afirmou que com o agravamento dos preços do pão anunciado esta semana pelos industriais do setor, o subsídio pago pelo Governo cobre apenas 50% e poderá reduzir gradualmente até à sua remoção final.

"Apesar de o subsídio não ter acompanhado o agravamento, a proporção que ainda é paga cobre cerca de metade do preço, porque, sem essa proporção, o pão ficaria mais caro que o que já está", afirmou.

O inspetor-geral das Atividades Económicas adiantou que o Governo moçambicano já desembolsou desde 2010 mais de 1,7 mil milhões de meticais (mais de 35 milhões de euros) de subsídio ao preço de pão, prevendo atribuir este ano 400 milhões meticais (mais de oito milhões de euros).

Prevendo uma atenção normal dos consumidores em relação aos relatos de adulteração do peso de pão face ao agravamento do preço, José Rodolfo afirmou que as autoridades serão implacáveis em relação a estes casos.

"Seremos implacáveis em relação à falsificação do peso do pão, até porque as normas de controlo têm sido reforçadas nos últimos anos", sublinhou Rodolfo.

A Associação Moçambicana de Panificadores (Amopao) agravou o preço do pão em todo o país em 1,5 meticais (0,031 euros), devido ao aumento dos custos de produção, indicou esta semana o presidente da agremiação, Vitor Miguel.

Em comunicado divulgado em Maputo, a Amopao refere que o pão de 250 gramas passou de seis meticais (0,12 euros) para 7,5 meticais (0,15 euros), o de 200 gramas aumenta de 4,5 meticais (0,09 euros) para seis meticais (0,12) e o de 150 gramas passa de três meticais (0,06 euros) para 4,5 meticais (0,09 euros).

"Os custos de produção vão aumentando a cada dia que passa e chegámos à fase em que já não aguentámos com o peso. Não temos alternativa que não seja aumentar o preço do pão. E porque somos uma associação nacional, o aumento vai abranger todo o país", disse Vítor Miguel, em declarações ao Notícias, diário de maior circulação em Moçambique, e ao canal privado STV.

O presidente da Amopao apontou o aumento do peso do volume dos ordenados no setor como um dos fatores que levaram ao agravamento dos preços.

"Há que entender que a produção do pão não é só farinha de trigo, existem outros custos, como a compra de lenha, vitaminas, combustíveis, cujos preços foram sendo reajustados nos últimos anos, sem que nós fizéssemos o mesmo com o pão", frisou Vítor Miguel.

Em 2010, o aumento do preço do pão e de outros produtos básicos provocou uma revolta popular em Maputo, causando a morte de várias pessoas em confrontos entre a população e a polícia.

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