Citado hoje pela Inforpress, José Maria Neves falava na sessão de encerramento do Fórum de Reconstrução da Ilha do Fogo, que decorreu na segunda e na terça-feira em São Filipe, e indicou que a decisão final será tomada após a realização de novo estudo para se ter a perceção da população sobre o futuro aldeamento.

Para José Maria Neves, a grande prioridade é a definição do assentamento urbano, sendo que o novo inquérito será realizado nas próximas duas semanas, para que, depois de uma semana de análise, se possa começar com os trabalhos de edificação da nova localidade que irá albergar as populações de Portela e Bangaeira.

"A decisão será necessariamente política, tendo em conta todos os riscos geofísicos, geoquímicos, geodésicos e outros", sublinhou o chefe do executivo cabo-verdiano, indicando que o Governo vai também decidir sobre as condicionantes ligadas a Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos da ilha.

Segundo o chefe do executivo cabo-verdiano, essas condicionantes passam pelo facto de o Fogo ser uma ilha com "alto potencial de risco", tendo em conta o facto de Chã das Caldeiras ter sido parcialmente consumida pela lava que jorrou entre 23 de novembro de 2014 e 08 de fevereiro último.

José Maria Neves salientou, por outro lado, que na próxima semana terão inicio as obras de reabilitação e ampliação das 110 moradias construídas na sequência da erupção vulcânica de 1995, em Monte Grande (70) e Achada Furna (40).

"Assim que for definido o espaço para o novo assentamento, serão discutidas com a população as condições de utilização das casas situadas nas duas localidades e que serão alvo de intervenção", adiantou, alertando para a necessidade de se ter de assinar um "termo de compromisso" com os deslocados.

"O país não dispõe de recursos para reabilitar as casas para depois serem abandonadas, tal como aconteceu depois da erupção de 1995", frisou, acrescentando que o Governo está a trabalhar para garantir habitação e que os beneficiários terão também de ser responsabilizados.

Em relação ao vinho - é em Chã das Caldeiras que se produz o conhecido tinto e branco da ilha do Fogo - o Governo vai analisar com a associação de produtores locais a forma de ser retomada a produção face à destruição de grande parte de terreno arável.

Sobre a agricultura, pecuária e atividade agroindustrial - Chã das Caldeiras é considerada o "celeiro" da ilha -, José Maria Neves disse que os estudos a fazer sobre o local de edificação da nova povoação incluirão os dados sobre as propriedades agrícolas a ser parceladas e distribuídas às famílias afetadas.

A ideia é garantir o desenvolvimento das atividades agropecuárias, apoiar a população com atividades geradoras de rendimento, criando condições e mecanismos de compensação às pessoas que investiram em Chã das Caldeiras e tiveram perdas.

Também necessário, disse José Maria Neves, é "avaliar as condições do desenvolvimento do turismo, envolvendo as autoridades municipais e departamento central do setor" para definir uma agenda turística para a ilha.

As questões da água, saneamento, educação e energias, afirmou, "não podem ser pensadas de forma avulsa", mas integradas num plano mais alargado para o desenvolvimento da ilha.

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