Falando no aeroporto, no final de uma visita de dois dias a Moçambique, o governante britânico não forneceu detalhes da conversa telefónica que manteve com o presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido de oposição, deixando apelos para a estabilidade e reconciliação, em vez do "regresso à violência e à guerra".

O contacto de Hurd com Dhlakama, que se encontra presumivelmente escondido na serra da Gorongosa, centro do país, foi avançado hoje pelo Presidente moçambicano, um dia depois de se ter avistado com o governante britânico.

"Encontrei-me com o ministro britânico, que me prometeu que falaria com o líder da Renamo. Espero que tenha conseguido", declarou Filipe Nyusi.

Após as suas conversas com os dirigentes moçambicanos, Nick Hurd disse ter sentido "tensões e complicações" entre os dois lados, bem como "falta de confiança".

No final, sugeriu que a "solução está agora nas mãos da sociedade civil e líderes comunitários", mais uma vez, sem avançar pormenores.

Nick Hurd terminou hoje uma visita de dois dias a Moçambique, no âmbito da cooperação entre os dois países.

Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo ameaça tomar o poder, a partir de março, em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

Nas últimas semanas, o país tem conhecido uma escalada de violência política, com relatos de confrontos militares e denúncias de raptos e homicídios de membros das duas partes.

O líder da Renamo não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.

No dia 20 de janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique e o seu guarda-costas morreu no local.

A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.

O Presidente moçambicano tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a maioria da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição e que só negociará depois de tomar o poder no centro e norte do país.

O partido de oposição anunciou hoje que vai montar controlos nas principais estradas do centro de Moçambique para evitar raptos dos seus membros, mas a polícia já reagiu assegurando que usará todos os meios para o impedir.

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