O encontro, que decorrerá no Cineteatro de Anadia, junta vários especialistas por iniciativa da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, numa altura em que a Comissão Vitivinícola da Bairrada está apostada em desenvolver o conceito "Baga Bairrada", como forma de penetrar nos mercados mais exigentes.

A produção de vinhos espumantes iniciou-se na Bairrada em 1890, por iniciativa de José Maria Tavares da Silva, diretor da Escola Prática de Viticultura e Pomologia da Bairrada, a atual Estação Vitivinícola da Bairrada, que contratou os serviços do enólogo Lucien Beyseker.

Os espumantes da Bairrada dominam o mercado nacional e este ano as vendas estão com um crescimento de cerca de 9% em relação ao período homólogo do ano anterior, ainda sem as vendas de final do ano que têm sempre uma expressão significativa.

Segundo disse à Lusa Pedro Rodrigues Soares, presidente da Estação Vitivinícola, "a Bairrada é responsável pela venda anual de cerca de 5,5 milhões a 6 milhões de garrafas".

No entanto, a percentagem de vendas em mercados externos é reduzida, entre os 8% e os 11%, tendo como principais países de destino Angola e Brasil.

O projeto "Baga Bairrada" pode posicionar o espumante da região a concorrer nos mercados externos, nomeadamente europeus, procurando criar uma maior uniformidade do produto, privilegiando a casta mais emblemática, a "Baga", associada à região.

"O que pretendemos é trabalhar o conceito de espumante, possível de realizar na Bairrada todos os anos, à volta de uma casta emblemática, que possa trazer mais valor a quem produz uvas na região, nomeadamente uvas de Baga, uma casta que sabemos de antemão ter características muito interessantes para a produção de espumantes", explicou á lusa Pedro Rodrigues Soares.

O presidente da Estação Vitivinícola diz que é esse trabalho de posicionamento estratégico que tem faltado ao espumante bairradino para aproveitar o potencial de crescimento das exportações.

"No mercado internacional, se não conseguirmos comunicar um conceito e uma categoria de produto diferenciada, para poder concorrer de forma direta como os espumantes topo de gama mundiais, apenas exportamos espumante para um segmento baixo e não conseguimos trazer valor para essas exportações", defende.

Pedro Rodrigues Soares conclui que a Bairrada "tem tudo para conseguir fazer excelentes espumantes e alguns já existem, mas é preciso dar-lhes uma outra dimensão no mercado mundial de vinhos".

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