Em causa está a diminuição de receitas de venda do barril de crude por Angola, o que fez diminuir a entrada de divisas no país, provocando a escassez de dólares no mercado e dificultando o pagamento das empresas a fornecedores internacionais.

Com um crescimento atual do setor produtivo a rondar os 8%, o presidente da AIA defendeu hoje uma desvalorização do kwanza em igual proporção e de forma imediata, para, desta forma, travar a acentuada diferença entre a taxa de câmbio definida pelo Banco Nacional de Angola (BNA) e os valores praticados na rua, onde ainda é possível ter acesso a dólares, pagos a preço de ouro.

"Nós já teríamos recomendado uma desvalorização do kwanza, para não deixar o câmbio informal subir, depois é mais difícil. Ou tomamos medidas estruturais já ou a procura de cambiais no país vai crescer, porque há mais classe média e necessidades objetivas", afirmou à Lusa José Severino.

À taxa de câmbio oficial, cada dólar está a ser comprado a 104,6 kwanzas. Já a venda da nota norte-americana é feita por 103,6 kwanzas, nos casos em que é possível fazer ou levantar aos balcões.

Face às dificuldades no acesso aos levantamentos nos bancos comerciais (à taxa oficial), a solução para vários trabalhadores expatriados ou empresas, mas também cidadãos nacionais angolanos, passa pelo recurso ao mercado informal.

Numa rápida ronda feita hoje pela Lusa nas ruas de Luanda foi fácil encontrar quem comprasse cada dólar a 130 ou 140 kwanzas.

"A pressão sobre os câmbios é crescente, acho que a taxa de câmbio já devia estar desvalorizada em 8%. De outra forma, o mercado informal parte como uma lebre e com a taxa oficial a andar a nível de cágado vamos ter aqui uma competitividade irregular", apontou José Severino.

Ainda assim, o presidente da AIA disse ter recebido a garantia da administração do BNA de que se trata de uma situação transitória e que estão a ser estudadas soluções alternativas para travar a escassez de divisas no mercado oficial.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, representando 76% das receitas fiscais do país em 2013.

Entretanto, nos últimos seis meses, a cotação do barril de crude exportado por Angola caiu para metade, fruto da situação internacional no setor, o que está a afetar as receitas angolanas.

PVJ // ARA

Lusa/Fim