Constâncio: algumas revisões salariais não comprometeram a competitividade externa

O responsável do BCE destacou o crescimento económico de Portugal e a descida do défice, desvalorizando o impacto das revisões salariais na competitividade da economia portuguesa.

Tal como a Comissão Europeia, o vice-presidente do BCE, Vitor Constâncio, desvalorizou o potencial impacto negativo das revisões salariais — nomeadamente o aumento do salário mínimo e a reposição de parte dos salários da função pública — na competitividade da economia nacional. “Não impediram a descida do desemprego“, notou o responsável do BCE ao mesmo tempo que aplaudiu os resultados alcançados por Portugal, tanto em termos de crescimento como do défice.

O crescimento verificado na economia nacional segue “o forte crescimento verificado no quarto trimestre do ano passado, embora tenha acelerado no primeiro trimestre”, que foi de 2,8%, o mais elevado desde o final de 2007. “Agora vamos ver como é que se comporta, mas não há dúvida que a economia portuguesa está numa evolução muito positiva“, notou Constâncio numa aula aberta a alunos de mestrado do ISEG.

“É preciso notar que uma parte dessa aceleração do crescimento resultou da economia externa, e não apenas do dinamismo da procura interna”, disse. Isso “é importante porque revela que, por exemplo, algumas revisões salariais que aconteceram não comprometeram a competitividade externa da economia, e não impediram que o desemprego tivesse continuado a diminuir”, rematou, seguindo o que a própria Comissão Europeia reconheceu.

“São aspetos positivos para a economia portuguesa, que acompanhado do desempenho da política orçamental, que levou a Comissão agora a propor que Portugal saia do Procedimento por Défices Excessivos”, salientou. “Também é muito importante porque, nesse quadro de melhoria do desempenho orçamental, está também a concretização de um saldo positivo – o chamado saldo primário (isto é não contando com o pagamento de juros) — o que é muito importante para diminuir a dívida pública em relação ao produto nacional“.

“E essa diminuição da importância da dívida, é importante para a reação dos mercados financeiros. E portanto, países que têm, como é o caso de Portugal, uma dívida pública elevada têm que manter saldos primários positivos”, disse o responsável do BCE, entidade que no Relatório de Estabilidade Financeira veio alerta para o risco haver um “efeito de bolsa de neve” na dívida portuguesa.

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