Cavaco Silva: “Não alinho nos foguetes de cada vez que sai um número do INE”

  • ECO
  • 17 Fevereiro 2018

Cavaco Silva não se deixa iludir com os números do crescimento. O ex-Presidente da República diz que Portugal está a crescer, mas está aquém de outros países europeus, apesar das "benesses externas".

Cavaco Silva receia que não se esteja a aproveitar as “benesses externas” para se corrigir alguns dos desequilíbrios estruturais. Apesar de reconhecer que Portugal está numa trajetória de crescimento, o ex-Presidente da República não se deixa iludir com os números, afirmando que Portugal continua aquém de outros países europeus.

“Recuso-me a fazer uma análise simplista e não alinho nos foguetes que a comunicação social costuma divulgar quando sai um número do INE“, afirma Cavaco Silva numa entrevista à Revista E, do jornal Expresso (acesso pago). “Imediatamente vou ver os números dos países da UE, vou pensar se Portugal tem choques assimétricos positivos ou negativos, e depois vou ver o que tem Espanha, nosso principal mercado, Chipre, Irlanda. Deixo de lado a Grécia, que começou há oito anos, em maio de 2010, e ainda está sob um programa de ajustamento”, acrescenta o ex-Presidente.

"Recuso-me a fazer uma análise simplista e não alinho nos foguetes que a comunicação social costuma divulgar quando sai um número do INE.”

Cavaco Silva

Ex-Presidente da República

Cavaco Silva vê Portugal “como um país que está a beneficiar de uma envolvente externa extraordinariamente favorável”. E que não está a aproveitar este cenário a seu favor. “Neste quadro de benesses externas, tenho algum receio de que não se esteja a aproveitar o momento para corrigir alguns dos nossos desequilíbrios estruturais em ordem a preparar o futuro”, defende.

Que desequilíbrios são estes? “O enorme endividamento do país, a insustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e do sistema de Segurança Social, a baixíssima taxa de poupança das famílias — que está a um nível historicamente baixo — a falta de capital, o inverno demográfico, a baixa produtividade, a reforma do Estado”, salienta Cavaco Silva, sugerindo que se estudem estes problemas “em profundidade”.

Cavaco considera “estranhíssimo” substituição de Joana Marques Vidal

Foi em janeiro que a ministra da Justiça assumiu que o mandato da Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, estaria a chegar ao fim e não seria renovado, pois este deve ser “longo e único”.

Questionado se está confiante na Justiça, Cavaco Silva considera “estranho o que aconteceu em Portugal, mesmo estranhíssimo, falar-se da substituição [de Joana Marques Vidal] com dez meses de antecedência”. O anterior Presidente diz não querer “procurar uma qualificação em relação a essa decisão, dentro do princípio de que não devo fazer comentários sobre a a atuação do Governo”.

(Notícia atualizada às 12h36 com mais informação)

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