"Uma coisa nós não iremos aceitar: se a Frelimo não aprovar este projeto [de criação de regiões autónomas], até que será bom, pois iremos removê-la do poder à força. Perderá tudo, e temos condições para tal", afirmou Dhlakama, falando na quinta-feira durante um comício no distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.

O líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) reiterou a exigência do movimento de governar nas províncias onde o partido ganhou nas eleições gerais de 15 de outubro, anunciando, sem entrar em detalhes, que o partido já delineou a forma de administrar as regiões em que pretende ser governo.

"Desta vez, nós vamos governar em Sofala, Manica, Tete, Zambézia e Nampula, onde conseguimos controlar os votos (?). Nas regiões autónomas, pretendemos demonstrar uma governação justa e transparente, onde ninguém será humilhado e injustiçado. Traremos emprego para os nossos jovens, saúde, educação, investimentos, entre outros planos setoriais", afirmou Afonso Dhlakama.

A Renamo está a preparar um projeto de lei de criação de regiões autónomas, para submeter à Assembleia da República (AR), no seguimento da sua exigência de governar nas províncias onde ganhou nas últimas eleições gerais.

A ideia da submissão da proposta à AR foi defendida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), no segundo encontro que manteve com o líder da Renamo, no passado dia 09, em Maputo, no âmbito da resolução da crise política desencadeada pela recusa do principal partido da oposição de reconhecer os resultados das eleições gerais.

Declarações de importantes dirigentes da Frelimo a considerar a proposta de criação de regiões autónomas como um atentado à integridade e unidade territorial de Moçambique lançaram dúvidas sobre a viabilização da lei pela bancada parlamentar do partido no poder.

A Frelimo controla uma maioria absoluta de 144 assentos na AR, enquanto a Renamo detém 89 lugares e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) tem 17 deputados.

Em declarações hoje ao diário eletrónico mediafax, editado em Maputo, o vice-procurador-geral da República, Alberto Paulo, disse que a instituição está a acompanhar os pronunciamentos de Afonso Dhlakama, para apurar se há lugar à responsabilização criminal ou se os mesmos estão no plano puramente político.

"A Procuradoria-Geral da República está a acompanhar a evolução de todos os pronunciamentos de Afonso Dhlakama. Este assunto está a ser acompanhado pela PGR. Estamos a acompanhar para ver se estamos em face de comentários de natureza criminal ou não", afirmou Paulo.

PMA // APN

Lusa/Fim