"Isto é estranho. A população suspeita de conluio", disse Leong Veng Chai, referindo-se ao facto de 16 dos 48 terrenos que o Governo tinha anunciado que iria recuperar, por não serem aproveitados dentro do prazo pelos concessionários, terem sido retirados da lista.

Em 2011, o Governo identificou 48 terrenos para reversão, mas no mês passado anunciou que 16 parcelas não reuniam requisitos para serem recuperadas, já que foi por culpa da própria administração, que se atrasou em formalidades como a disponibilização de Plantas de Condições Urbanísticas, que os concessionários não cumpriram os seus prazos.

Os terrenos em causa têm uma área total de 365.302 metros quadrados e, pelo menos dois, pertencem a empresas ligadas à indústria do jogo.

Os deputados acusam o Governo de falta de transparência e desconfiam das explicações avançadas.

"Alguns residentes questionam se o Governo não terá recorrido a um estratagema de troca, logo, terrenos que não deviam estar incluídos nos desaproveitados, foram assim excluídos da lista de recuperação, e terrenos na posse de alguns poderosos não foram devidamente integrados na referida lista", avançou Ng Kuok Cheong.

Para o deputado da área pró-democracia, é essencial esclarecer "se houve tráfico de interesses, injustiça ou negligência administrativa grave, em que a responsabilidade não foi apurada".

Já Au Kam San disse estranhar que a situação não tenha sido logo detetada em 2011, quando o Governo identificou o conjunto das 48 parcelas passiveis de reversão.

"Existem duas possibilidades. Ou são todos uns palermas, os dirigentes dos serviços públicos, passando pelo secretário e chegando ao chefe do executivo, ou os dirigentes do Governo acham que a população de Macau é que é palerma", concluiu.

ISG // ARA

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