"Alguns quadros comunistas terão mesmo apoiado ou participado de violentos ataques terroristas", admitiu Xu Hairong à publicação estatal China Discipline Inspection News.

O Xinjiang é frequentemente palco de conflitos entre a minoria étnica chinesa Uigur e a maioria Han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional.

A China considera os separatistas do Xinjiang responsáveis, enquanto peritos e grupos de defesa dos Direitos Humanos consideraram que a política repressiva de Pequim relativamente à cultura e religião dos uigures alimenta as tensões.

Sem acrescentar detalhes, Xu acrescentou que alguns funcionários estão "indecisos em questões importantes como o combate ao separatismo e a manutenção da unidade étnica".

Na semana passada, a polícia do Xinjiang desmantelou um alegado grupo terrorista, abatendo 28 dos seus membros, numa operação que durou 56 dias, anunciaram as autoridades locais, citadas pela agência oficial Xinhua.

No mesmo período, um editor do jornal Xinjiang Daily, o órgão oficial do PCC na região, foi afastado do cargo por infrações, incluído criticar publicamente políticas do partido, segundo a Comissão Central de Disciplina.

As autoridades chinesas lançaram no ano passado uma "dura campanha", após uma bomba ter explodido na principal estação de comboios de Urumqi, a capital do Xinjiang, numa altura em que o Presidente chinês, Xi Jinping, visitava a cidade.

Grupos de direitos humanos condenaram os julgamentos coletivos e várias execuções que se seguiram.

Esta semana, um jornal oficial do PCC acusou "alguma" imprensa ocidental de "estar cega pelo radicalismo político, ao ousar desafiar a norma humana fundamental de que matar civis inocentes é um crime".

Em editorial, o Global Times considera um artigo publicado na revista francesa Le Nouvel Observateur, sobre as políticas do Governo chinês e o aumento do terrorismo na região do Xinjiang, como um "exemplo típico da dupla moral do ocidente".

"No seu ponto de vista, apenas os civis mortos no ocidente merecem compaixão, mas não os civis chineses que sofrem o mesmo destino", referiu o jornal, aludindo a uma crónica assinada pela jornalista Ursula Gauthier.

Limítrofe à Ásia Central, o Xinjiang corresponde a 18 vezes o território português, possuindo uma imensa riqueza natural.

Oficialmente ateísta, o PCC proíbe os seus funcionários - incluído os de etnia uigur - de fé religiosa.

Mas alguns quadros persistem com as suas crenças religiosas, admitiu Xu.

"Alguns estão hesitantes nos seus ideais, confusos nas suas crenças, recusando acreditar no Marxismo-leninismo, mas acreditando em fantasmas, e quebrando a lealdade para com o partido", afirmou.

JOYP (ISG) // ARA

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