Alcáçovas, Évora, 12 mai (Lusa) - Um casal de Lisboa "troca", todos os fins de semana, o rebuliço da capital pela tranquilidade da vila alentejana de Alcáçovas, onde possui uma exploração biológica de ervas aromáticas, que exporta tudo o que produz.

Gabriela Alves e António Ferreira começaram a concretizar "o sonho de trabalhar na agricultura e viver no Alentejo", em 2011, com a compra de um terreno em Alcáçovas, no concelho de Viana do Alentejo (Évora).

"As ervas aromáticas sempre foram vistas como uma âncora para virmos viver para o Alentejo", mas, até agora, ao fim do terceiro ano do projeto, "ainda não conseguimos fazer a transição", conta à agência Lusa Gabriela Alves.

Os dois mantêm as suas atividades profissionais, ela professora e bibliotecária e ele empresário de madeiras, na zona de Lisboa, onde residem, porque ainda precisam dos seus "ordenados para investir" no projeto.

"Ainda não podemos viver só disto, porque [o negócio] ainda não é sustentável, mas estamos a trabalhar para que possamos vir viver para cá, a tempo inteiro, dentro de um ou dois anos", afirma.

Com o fim dos apoios do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER), os dois "novos lavradores" enfrentam o desafio de "tornar sustentável" a exploração, não só para permitir a sua mudança definitiva, mas também para pagar os ordenados aos dois funcionários.

Na Horta Vale Bexiga, com quase quatro hectares de terreno, Gabriela e António produzem, sobretudo, lúcia-lima, mas também, embora em menor quantidade, hortelã-pimenta, erva-príncipe, erva-cidreira e tomilho-limão.

"Depois de algumas experiências, optámos pela lúcia-lima, a minha erva favorita, porque tem um aroma fabuloso, faz uma ótima infusão e dá-se muito bem aqui no terreno", justifica.

Segundo a empresária, toda a produção é vendida para os "grandes centros e laboratórios" da Europa, situados em França e Alemanha, destinando-se às indústrias alimentar, farmacêutica, cosmética e ervanária.

Ao contrário de 2014, este ano a produção de ervas está "correr muito bem" e até já foi feito "o primeiro corte em abril", revela, prevendo atingir as "três ou quatro toneladas de ervas em seco".

Gabriela e António não querem ficar-se apenas pela produção de ervas aromáticas e ambicionam desenvolver um projeto de animação turística ligado ao tema.

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