"Esta emissão permite diversificar as fontes de financiamento para além dos empréstimos bilaterais, tradicionalmente com a China e com o Brasil, e permite abrir um novo canal de financiamento, e indica confiança no país e na capacidade do país se regenerar", disse Paulo Varela, em entrevista à Lusa.

Para o também gestor da Galp, "isto significa uma viragem em termos de abordagem aos mercados internacionais e revela um sinal de confiança na economia angolana".

Questionado sobre a taxa de juro que Angola deverá ter que pagar, e que não está ainda definida dado que a emissão ainda não foi efetivamente feita, Paulo Varela estimou que deverá ficar entre os 6 e os 8%: "Espero que não seja mais do que 8%", disse o presidente da CCIPA.

As autoridades do Ministério das Finanças vão começar na segunda-feira as reuniões nos Estados Unidos e na Europa para o lançamento da primeira emissão de 'eurobonds', até 1,5 mil milhões de dólares.

De acordo com a agência Bloomberg, as reuniões começam na segunda-feira, num 'road-show' que está a ser preparado pelo Deutsche Bank, Goldman Sachs e pelo Bank of China, com o objetivo de angariar até 1,5 mil milhões de dólares nos mercados internacionais.

Na quinta-feira, a Lusa já tinha noticiado que Angola tinha avançado na bolsa de Londres com uma operação inédita de emissão de títulos de dívida soberana no mercado financeiro internacional, em moeda estrangeira, para captar até 1,3 mil milhões de euros.

De acordo com informação divulgada pelo Ministério das Finanças, esta operação, na forma de 'eurobonds' - uma emissão de títulos de dívida pública em moeda diferente daquela usada no país do emissor -, surge ao abrigo da política de gestão de finanças públicas do executivo angolano, no âmbito do "programa de desenvolvimento económico e financeiro de longo prazo".

A mesma informação, a que a Lusa teve acesso, justifica que esta operação "coroa os esforços iniciados em 2011", quando o recurso às fontes de financiamento tradicionais, como bilateral, comercial e linhas de crédito, "mostrava já alguma concentração", algo que "não é recomendável" do ponto de vista da gestão dos riscos e dos custos associados.

A situação, por "aumentar a exposição do país a um determinado financiador", levou o Governo a procurar "fontes de financiamento alternativas".

Este processo - o lançamento chegou a ser anunciado para setembro, mas ficou suspenso devido às condições de mercado - foi conduzido, através de uma carta-mandato emitida pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, conforme a Lusa noticiou anteriormente, pelos bancos Goldman Sachs International, Deutsche Bank e Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), que atuaram como "agentes em representação da República de Angola nas emissões soberanas que o país hoje realiza".

MBA (PVJ) // VM

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